Pedido é de prisão preventiva, sem prazo determinado; caso foi no sábado. Agente da PF foi liberado ao entregar arma e prometer comparecer à Justiça.
O Ministério Público do Distrito Federal pediu a prisão preventiva do policial federal que atirou em dois homens – e acabou matando um deles – em uma festa em uma embarcação no último sábado (8). O pedido foi feito na terça-feira (11) pelo promotor Leonardo Jubé, da 1ª Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri.
A defesa do agente da PF Ricardo Matias Rodrigues disse que o pedido é improcedente. “Ela não preenche os requisitos da prisão cautelar. Não existe risco de fuga, ele tem residencia fixa, não tem antedcedentes, nunca sofreu qualquer tipo de pena. É um policial exemplar”, afirmou o advogado dele, Antônio Rodrigo Machado.
A prisão preventiva é deferida quando a Justiça entende que o suspeito pode atrapalhar as investigações, ocultando provas ou influenciando testemunhas. Diferentemente da prisão temporária, ela não tem prazo determinado.
‘Confusão generalizada’
Em depoimento na 5ª DP (Asa Norte), o agente da PF Ricardo Matias Rodrigues disse que estava com a mulher na festa, quando surgiu “uma confusão generalizada entre dois ou três casais”. Ele declarou que não estava envolvido na briga.
Ao se sentir ameaçado, o policial relatou que avisou estar armado e que deu mais de uma ordem para que os dois não se aproximassem. Então, disparou na região do abdômen de cada um. De acordo com a Polícia Militar, a situação ocorreu porque “uma das vítimas passou a mão na mulher do policial”.
O próprio policial federal se apresentou à delegacia e entregou a arma utilizada. Ele foi liberado após se comprometer a comparecer à Justiça. O caso é investigado como homicídio e tentativa de homicídio. A defesa do policial afirma que a atitude tomada foi “proporcional”. Mesmo sem afastá-lo, a corporação informou que vai apurar a conduta dele.
Versões
Atingido por um tiro disparado, o gerente comercial Fábio da Cunha relata que ele não se identificou nem avisou que estava armado antes de atirar. A fala contradiz o depoimento do agente da PF, que declarou na delegacia ter agido em legítima defesa.
Cunha está com uma bala alojada no tórax, mas não corre risco de morte. Ele conta que foi baleado enquanto tentava apartar uma briga envolvendo um amigo. “[O tiro] Pegou no peito e eu já caí no chão”, afirmou.
“Hora nenhuma [ele se identificou]. E quando eu entrei, se eu tivesse visto ele com a arma na mão, eu nunca teria ido lá. Nunca tinha ido lá tentar apartar. Só que ele não se identificou, não. Ele puxou a arma e já atirou. Não deu nem tempo de nada”, disse.
Cunha relata que só interveio para tentar proteger o amigo, o funcionário do Banco do Brasil Cláudio Muller – que morreu no hospital e foi enterrado nesta segunda-feira (10). Ele deixou duas filhas, de 22 anos e 9 anos, e um enteado.
Segundo testemunhas, os disparos começaram após um desentendimento entre a mulher dele e a do policial. A família de Cunha informou que ele vai prestar depoimento nesta sexta (14).
A mulher de Muller, Valderly, disse à polícia que havia três aniversários no local. Ao sair do banheiro, ela relatou ter sido agredida com três tapas no rosto por uma das aniversariantes. Quando o marido dela foi “tirar satisfação” com o agente, ele atirou. Ela não explicou por que teria sido agredida nem se quem deu os tapas era casada com o policial.