Foto: Roque de Sá/Agência Senado
A avaliação de líderes da base aliada é que o presidente Lula decidiu receber e negociar com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porque corria o risco de perder apoio em votações importantes se insistisse na MP da reoneração da folha de pagamento como foi enviada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Segundo eles, a decisão do governo Lula de revogar a lei aprovada pelo Congresso, que prorroga a desoneração da folha até 2027, vai além do conteúdo da proposta.
Os líderes criticam o governo e afirmam que a medida de Lula e Haddad foi uma afronta a uma decisão do Legislativo.
“Muitos deputados vão dar o troco, e é muita gente, o resultado vai ser negativo para o governo, perde-se a confiança, já que essa MP mostra que o governo não sabe perder. Perdeu duas vezes e fez uma manobra politicamente incorreta para virar a mesa”, diz um líder.
Diante de relatos sobre o risco de começar o ano com uma base aliada tensa e insatisfeita, e avisado que seria derrotado, Lula determinou que sua equipe negocie com o Congresso.
Líderes reclamam que o Legislativo deu tudo o que Haddad pediu e, quando os parlamentares tomam uma decisão, ele decide derrubar.
O ministro da Fazenda alega que os congressistas precisavam indicar a fonte dos recursos para a desoneração, como determina a reforma da Previdência aprovada em 2019.
Os líderes devolvem dizendo que o Congresso deu muito dinheiro para Haddad e ele poderia encontrar os recursos facilmente. Com a abertura de negociações entre Palácio do Planalto e base aliada, Lula espera aliviar o clima no início do ano, depois de terminar o passado em harmonia.
Diante da decisão do presidente em ceder e negociar a MP da reoneração da folha, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aceita manter a desoneração, mas quer criar compensações para as perdas de receitas neste ano, para evitar um desequilíbrio das contas públicas.
Os assessores de Haddad vão montar um cardápio de sugestões de compensação para que o chefe leve na semana que vem em conversa com o presidente do Senado. Os líderes partidários concordam com essa solução e querem analisar com Haddad o que pode ser proposto e aprovado.
Por Valdo Cruz/g1