O vice-presidente informou que disputará o cargo de senador pelo estado do Rio Grande do Sul, mas que ainda dialoga com dois partidos
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), confirmou nesta sexta-feira (11/2) que não será candidato a vice ao lado de Jair Bolsonaro (PL) para tentar a reeleição. O militar informou que disputará o cargo de senador pelo estado do Rio Grande do Sul.
Durante conversa com jornalistas, Mourão ressaltou que, em entrevista ao jornal O Globo, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teria dito que o atual vice-presidente da República será candidato ao Senado, pelo Rio Grande do Sul. “Foi o que o senador Flávio andou falando. [A formalização] será comunicada brevemente, mas já me decidi”, enfatizou o general.
O vice-presidente usava uma máscara do estado do Rio Grande do Sul e foi questionado se seria um indicativo. Ele retrucou: “Lógico, né”. “Isso, é por aí mesmo. Agora, é só a questão de partido”, completou.
Mourão afirmou que dialoga com dois partidos, mas não especificou quais são as legendas. Atualmente, o político é filiado ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), sigla na qual ele se registrou em 2018, para compor a chapa do presidente Jair Bolsonaro.
O general ainda ventilou a possibilidade de “casar” com algum dos candidatos da base bolsonarista que disputarão o governo do estado – o atual ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
Na quarta-feira (9/2), em entrevista à CNN Brasil, Mourão afirmou que o atual ministro da Defesa, Walter Braga Netto, é “extremamente capacitado” para ser o novo vice de Bolsonaro.
“A escolha do vice é sempre feita, na minha visão, tomando por base dois grandes eixos: composição política, que vai fortalecer a chapa, e o outro é o nome da confiança daquele que é o cabeça da chapa. Julgo que o ministro Braga Netto tem um excelente relacionamento com o presidente Bolsonaro e é uma pessoa extremamente capacitada a ser o novo vice-presidente de Bolsonaro”, afirmou Mourão.
Futuro político
Para concorrer ao Senado neste ano, Mourão não precisa se desincompatibilizar do cargo de vice, mas não poderá assumir o posto de presidente da República interino nos seis meses que antecedem o pleito de outubro.
No Rio de Janeiro, o general teria problemas para ser apoiado por Bolsonaro, pois o candidato do presidente ao Senado no estado é, ao menos por enquanto, Romário (PL). Já no Rio Grande do Sul, teria mais chance de contar com o apoio, pois pode tentar ocupar a vaga que hoje pertence a Lasier Martins (Podemos).
Relação com Bolsonaro
Entre altos e baixos, a relação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) chegou ao ano eleitoral ainda sem definição sobre o futuro da chapa.
Em 2021, o chefe do Executivo federal expressou quatro vezes que não queria mais Mourão como companheiro nas urnas. O general, por outro lado, afirmou em ao menos nove ocasiões que esperaria o veredito do mandatário do país, por meio de uma conversa formal, antes de decidir se concorrerá a outro cargo em outubro.
As falas de Mourão indicam que ele trabalhava com três opções: terminar o mandato ao lado do presidente Jair Bolsonaro e depois se aposentar da vida pública; desincompatibilizar-se do cargo seis meses antes do pleito para concorrer a uma vaga ao Senado; ou esperar uma sinalização do titular do Planalto para tornar a compor a chapa da reeleição.
Segundo levantamento feito pelo Metrópoles, ao longo do governo, o presidente Jair Bolsonaro, direta ou indiretamente, falou mal de Mourão, em público, ao menos 17 vezes.