
Miguel Lucena
Partiu Manga, e com ele uma era de mãos nuas e defesas improváveis. Ídolo em três países, foi gigante no gol como poucos. No Brasil, Uruguai e Equador, seu nome virou lenda. Manga não usava luvas — usava coragem, intuição e mãos moldadas pelo destino. Os dedos, tortos como garras, contavam histórias de bolas impossíveis, de chutes fatais interrompidos por um instante de milagre. Dizem que parou Nelinho numa final nos anos 70, quando o Inter enfrentou o Cruzeiro — e quem viu, nunca esqueceu.
Hoje, o futebol veste luto. Não apenas porque morreu um goleiro, mas porque se foi um símbolo de uma época em que o herói podia ter mãos nuas e alma de aço. Manga não defendia só bolas — defendia a honra de um time, a paixão de uma torcida, o espírito de um jogo que, aos poucos, também se despede.