O ministro não deve retirar o sigilo do relatório final da PF, que indiciou Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas. O documento está com o STF e será encaminhado para o parecer da Procuradoria-Geral da República.
Por César Tralli, TV Globo e Globonews
O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão do STF Brenno Carvalho/Agência O Globo/03-10-2024
O ministro Alexandre de Moraes vai remeter o relatório final do inquérito do golpe para o gabinete da Procuradoria-Geral da República (PGR) na segunda-feira que vem (25). A PGR, por sua vez, deve apresentar a denúncia contra os 37 indiciados a partir de fevereiro de 2025.
De acordo com fontes próximas ao ministro, ele NÃO deve levantar o sigilo do relatório final da Polícia Federal (PF).
O entendimento de Moraes, segundo estes auxiliares mais próximos, é de que a manutenção do sigilo sobre todo material neste caso favorece o “trabalho tranquilo” da equipe do Procurador-geral Paulo Gonet.
A determinação de Paulo Gonet — assim que receber do STF o relatório final — é: “Analisar tudo em conjunto, ver como tudo se encaixa. É preciso ver o filme todo, e não fotografias”.
O PGR já tem um farto material dos inquéritos das vacinas e das joias do acervo presidencial. O inquérito do Golpe abarca todas essas investigações e ainda as apurações sobre fake news, milícias digitais e tramas golpistas antes e depois das eleições de 2022.
Na visão de Gonet, é chegado o momento de entender como os inquéritos se conversam e como os indiciamentos feitos pela PF fazem ou não sentido.
Paulo Gonet, segundo integrantes da PGR, tem à disposição uma equipe robusta de técnicos experientes para analisar o resultado final do inquérito da PF que indiciou 37 pessoas.
Poderão participar desta análise os integrantes da Assessoria Jurídica Criminal (AJCRIM) no STF e o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GECAA). Somente este grupo tem um coordenador ligado diretamente ao gabinete do PGR e mais oito procuradores auxiliares.
Paulo Gonet supervisiona e acompanha tudo de perto. “Ele é muito meticuloso e estudioso”, diz um procurador da República.
Por isso que, apesar de toda essa estrutura de apoio, não haverá oferecimento de denúncia este ano. Não há tempo hábil. Vai ficar para 2025.
Integrantes da PGR reproduzem o que escutaram do próprio procurador geral: “um bom trabalho não se faz sem análise cuidadosa e criteriosa do material colhido — o que exige tempo”.