Tremores seriam reflexo de um terremoto de magnitude 6,6 que atingiu Jujuy, província na região noroeste da Argentina
Cristina Camargo
Moradores de São Paulo, Osasco, Itatiba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sentiram tremores de terra na noite desta terça-feira (10). Eles seriam reflexo de um terremoto de magnitude 6,6 que atingiu Jujuy, província na região noroeste da Argentina, próxima às fronteiras com Chile e Bolívia.
Em Itatiba (a 83 km da capital) alguns prédios chegaram a ser evacuados e os bombeiros foram chamados. Após vistoria, os moradores voltaram para os seus apartamentos. Ninguém ficou ferido. Na Universidade São Francisco, na área central da cidade, houve um apagão de alguns minutos e os alarmes de alerta dispararam.
“Nossas equipes da Defesa Civil estão de prontidão. Não há relatos de prejuízos materiais”, disse o prefeito de Itatiba, Thomás Antonio Capeletto de Oliveira (PSDB).
Segundo o Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu, o terremoto na Argentina foi bastante profundo: 182 km abaixo da superfície da Terra.
Nas redes sociais, as pessoas que sentiram o tremor no Brasil falaram sobre a sensação de medo e tontura.
“Foi assustador”, disse uma moradora de Itatiba. “Pensei que era labirintite”, afirmou outra.
O Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo) registrou relatos da capital e de cidades próximas, pouco depois das 20h desta terça. Segundo esses relatos, o tremor foi de fraca intensidade.
“Sentimos mais um balançar do prédio e não exatamente um tremor. Outros vizinhos também relataram o mesmo”, contou um morador de prédio na Vila Ipojuca, zona oeste de São Paulo. “A água da banheira de hidromassagem ondulou bastante e luminárias pendentes balançaram por um tempo”, disse outro morador da zona oeste. “O abajur de chão, que é alto e tem a haste fina, balançou e não foi pouco”, relatou uma moradora da região da Brasilândia, na zona norte.
Em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, a portaria de um prédio ficou cheia de pessoas que deixaram seus apartamentos, assustadas com o tremor. Em Uberlândia (MG) a cena foi parecida. Com medo, moradores de prédios do bairro Santa Mônica saíram de suas casas após sentirem os edifícios balançarem.
No dia 12 de maio de 2000, o Instituto de Geofísica da USP informou que tremores sentidos em São Paulo naquela data foram um reflexo de um abalo sísmico na província de Jujuy, na Argentina, o mesmo local onde ocorreu o terremoto nesta terça. Na ocasião, os tremores foram sentidos na capital poucos minutos depois do terremoto argentino e também não provocaram estragos.
História
No dia 27 de janeiro deste ano, um terremoto que abalou São Paulo completou cem anos. Na época, a capital possuía 65 mil prédios e uma população de 650 mil pessoas. No ano do centenário da Independência do Brasil e da Semana de Arte Moderna, um terremoto de magnitude 5,1 obrigou várias pessoas a deixarem suas casas.
“Construções balançaram, portas bateram, janelas vibraram e objetos caíram. Muitos pensaram que suas casas estivessem sendo assaltadas e saíram dando tiros a esmo”, escreveu o sismólogo Alberto Veloso, na Folha, no centenário do abalo sísmico.
Segundo ele, o presidente do estado na época, Washington Luís, pensou que ocorria uma convulsão social, com detonação de dinamite, e telefonou para a polícia –nos quartéis do Exército e da Força Pública as tropas ficaram de prontidão.
Segundo Veloso, autor dos livros “O terremoto que mexeu com o Brasil” (Thesaurus, 2011) e “Tremeu a Europa e o Brasil também” (Chiado, 2015), a área de percepção do tremor centenário foi de 250 mil km2, principalmente no centro-leste paulista, sul de Minas e oeste do Rio de Janeiro