Segundo Patrick Vinicius, que chamou carro para levar filho de 3 anos à creche, motorista afirmou que ‘preto não vai entrar no carro’. Caso foi registrado na Polícia Civil como injúria racial.
Um morador do Guará, no Distrito Federal, diz ter sofrido racismo ao tentar embarcar em um carro de transporte por aplicativo (veja vídeo acima). O episódio ocorreu na sexta-feira (30), quando o investidor Patrick Vinicius, de 25 anos, levava o filho, de 3 anos, para a creche.
“Preto de manhã não vai entrar no meu carro”, disse o motorista de aplicativo, segundo a vítima.
O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia, no Guará, como injúria racial, nesta segunda-feira (2). Patrick contou à reportagem que, ao se aproximar do veículo, o condutor travou as portas e disse que ele não entraria.
“Fiquei sem ação. A gente não espera que uma situação dessa vá ocorrer”, disse Patrick.
Ainda segundo o investidor, o filho dele se assustou e começou a chorar. “Acho que ele pensou que estavam brigando com ele [com a criança]. O motorista saiu cantando pneu e nos deixou aqui. Mas, as pessoas que presenciaram ficaram indignadas e, inclusive, vão ser testemunhas”, contou.
“Já passei por situações assim sozinho, mas não com meu filho. Me senti humilhado e impotente”, afirmou.
O caso ocorreu com um carro vinculado à empresa 99, que disse ter banido o condutor (veja mais abaixo). O G1entrou em contato com a Polícia Civil, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O nome do condutor envolvido no caso não foi divulgado.
Motorista banido
Patrick contou que solicitou a corrida pelo aplicativo 99, relatou o problema, mas que não recebeu assistência da empresa. “Não me deram nenhuma posição”, afirmou.
Em nota, a 99 disse que lamentou o ocorrido e que baniu o motorista da plataforma. “Estamos em contato com Patrick para oferecer suporte e nos encontramos disponíveis para colaborar com as autoridades”, afirmou.
O texto diz ainda que “[a empresa] tem uma política de tolerância zero a casos como esse e repudia veementemente qualquer ato discriminatório”. A 99 comentou ainda que usuários e motoristas “devem se tratar com respeito e profissionalismo”.
Por outro lado, Patrick diz que não recebeu uma resposta “plausível” e pretende acionar a Justiça contra a plataforma.
Racismo e injúria racial
De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.
Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
Caso em Taguatinga
Na última quarta-feira (28), outro caso de injúria racial ocorreu em Taguatinga. Uma mulher de 64 anos foi presa ao agredir uma família, em frente a um shopping da região (veja vídeo acima).
“Negrada do inferno, vai pro raio que o parta [sic]”, disse a mulher.
A polícia não divulgou o nome da suspeita. Ela pagou uma fiança de R$ 1 mil e foi liberada.
O técnico em telecomunicação Alcides Jesus Santos, de 39 anos, contou que ele, a irmã, Welma de Jesus, de 32, e o pai, o pintor José Barbosa dos Santos, de 70 anos, estavam na calçada, comentando sobre as novas formas de pintura usadas em um shopping da região, quando as agressões começaram.
O idoso, que voltava de uma consulta médica, porque faz tratamento contra um câncer, conta que ficou perplexo. “Eu achava que não ia acontecer aquilo, a gente não esperava por aquilo”, disse. A Polícia Civil investiga o crime.