*Miguel Lucena
Na sexta-feira de Carnaval, passavam os grupos dando vivas a Zé Pereira, o responsável pela abertura da folia. “Viva Zé Pereira, viva Juvenal!”, cantavam os foliões, com uma banda de metais e tambores puxando o cordão.
Quando a banda dobrava a Avenida Sete de Setembro em direção à Praça da Piedade, em Salvador da Bahia, os últimos foliões ainda estavam em frente ao Teatro Castro Alves. Encantado com uma moça de máscara, alta, branca, cabelos negros, cheiro de jasmim, Alfredo Boa Sorte passou-lhe a mão na cintura e roubou-lhe um beijo, no que foi correspondido.
Sem prestar mais atenção a nada, Alfredo só tinha olhos para a foliã, com quem, no entanto, quase nada conversou, em razão do barulho da festa. Na altura dos Aflitos, ela soltou a mão dele e avisou: “É aqui que eu fico, eu moro no mar”. E sumiu na escuridão.