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Como anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nessa terça-feira (19/05), o Ministério da Saúde liberou o uso da hidroxicloquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já na fase inicial.
A pasta, hoje comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello, divulgou nesta quarta-feira (20/05) o novo protocolo de orientações para o tratamento de pacientes com diagnóstico da doença.
Apesar da falta de evidências científicas sobre a eficácia do remédio, de acordo com o documento, pacientes adultos com sintomas leves podem tomar os medicamentos a partir do primeiro dia. O mesmo ocorre para quem tem sinais moderados e graves.
Ressalvas
O Ministério da Saúde fez ressalvas técnicas de que, na prática, a droga não tem eficácia comprovada. A mudança ocorreu após pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o uso em larga escala. Dois ministros da Saúde pediram demissão por discordarem do protocolo.
A ressalva alerta para efeitos colaterais, falta de comprovação científica de eficácia e regras para prescrição médica. Além disso, o paciente a ser tratado deve autorizar o uso e assumir os riscos com o tratamento.
“Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19”, destaca trecho da nota técnica.
Com isso, a responsabilidade para a escolha do remédio deve ser pensada e negociada entre médico e paciente. “Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo”, conclui. Link:
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Além da ressalva técnica, a defesa do protocolo frisa a mesma tendência. “Até o momento não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a Covid-19”, ressalta.
Reações
Cientistas em pesquisas em todo o mundo apontam que a droga não tem eficácia para tratamento. Ao contrário, afirmam que há efeitos colaterais graves e que podem elevar as chances de morte, como aumento de complicações cardíacas.
A cloroquina é normalmente utilizada para tratar malária e doenças autoimunes, como lúpus. “[A] cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais”, frisa o novo protocolo.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) declarou que o uso da cloroquina contra a Covid-19 é “perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”. Para a entidade, a mudança do protocolo “vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia.
“A escolha desta terapia, ou mesmo a conotação que a Covid-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia. Este posicionamento não apenas carece de evidência científica, além de ser perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”, destaca, em nota.
Metrópoles*