Presidente Andry Rajoelina já havia denunciado ‘tentativa ilegal de tomada do poder’. População protesta contra corrupção e cortes de água e de eletricidade.

Um contingente do Exército de Madagascar anunciou neste domingo (12) que assumiu o controle das forças armadas do país, pouco depois de o presidente Andry Rajoelina denunciar uma “tentativa ilegal de tomada do poder”.
Os militares declararam, em vídeo, que “todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, partirão do quartel-general do CAPSAT”, sigla que identifica o contingente de oficiais administrativos e técnicos.
➡️Em comunicado publicado nas redes oficiais, o governo afirmou que está em curso “uma tentativa ilegal e violenta de tomada do poder” e que o presidente defende “o diálogo como saída para a crise”. O paradeiro de Rajoelina era desconhecido neste domingo, mas, na véspera, seu gabinete havia garantido que ele e o primeiro-ministro “mantinham o controle total das ações” no país.
No sábado (11), o grupo de militares havia se juntado a manifestantes antigovernamentais em Antananarivo, capital da ilha localizada no oceano Índico. A cidade registrou os maiores protestos desde o início das manifestações da chamada Geração Z, em 25 de setembro.
O movimento começou por causa de cortes de água e eletricidade, mas rapidamente se ampliou para críticas à corrupção, aos líderes políticos e à falta de oportunidades no país.
Uma unidade da gendarmerie (força paramilitar), que até então atuava junto com a polícia para conter os protestos, também rompeu com o governo. Em comunicado transmitido pela emissora Real TV, o grupo afirmou que “qualquer uso de força ou comportamento impróprio contra cidadãos está proibido”, ressaltando que a corporação “existe para proteger o povo, não para defender os interesses de poucos indivíduos”.
Madagascar, um dos países mais pobres do mundo, tem histórico de frequentes levantes populares desde que se tornou independente da França, em 1960. Entre eles, destacam-se os protestos de 2009, que forçaram o então presidente Marc Ravalomanana a deixar o cargo e abriram caminho para o primeiro mandato de Andry Rajoelina. O atual presidente foi reeleito em 2018 e novamente em 2023, em pleitos marcados por contestações e boicote da oposição.