Estudo da consultoria Equilibrium aponta impacto econômico da diáspora em oito países da região, com destaque para consumo, emprego formal e contribuição fiscal

A migração de até sete milhões de venezuelanos na América Latina e no Caribe criou um mercado de consumidores da ordem de US$ 10,5 bilhões (R$ 56,5 bilhões, na cotação atual), segundo um estudo apresentado nesta sexta-feira (24) pela consultoria Equilibrium em Washington.
Embora 41% dos venezuelanos que emigraram para oito países da região não tenham acesso a serviços financeiros, sua inserção no mercado de trabalho mudou as perspectivas de cada país, segundo este estudo sobre o impacto econômico da diáspora venezuelana, cujos números preliminares foram apresentados no think tank Diálogo Interamericano.
“A maior parte desse consumo ocorre no país de acolhimento, em torno de um terço para hospedagem, 25% para alimentação e cerca de 10% para educação e saúde”, explicou David Licheri, diretor da Equilibrium, uma consultoria com sede em Lima.
Segundo o especialista, o envio de remessas não representa uma parte significativa da renda dos emigrantes, já que os países onde residem não oferecem salários muito mais altos do que os da Venezuela.
A situação muda completamente para os venezuelanos que vivem nos Estados Unidos (pouco mais de 1,1 milhão) ou na Europa, onde têm mais margem para enviar dinheiro.
O estudo foi realizado em Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Panamá, Peru e República Dominicana, com a colaboração das Câmaras de Comércio locais, comunidades de imigrantes e instituições públicas.
A contribuição dos venezuelanos representa entre 1,91% (na Colômbia) e 0,32% (Costa Rica) das receitas fiscais nesses países.
As diferenças salariais são substanciais se comparado o ingresso na economia formal ou a permanência na informalidade.
Na Colômbia, por exemplo, um venezuelano com um contrato legal pode ganhar uma média de US$ 427 (R$ 2.300); no setor informal, não ultrapassa US$ 100 (R$ 538).
No Chile, pode receber US$ 958 (R$ 5.157) como média mensal; se trabalha no setor informal, a metade (US$ 495 ou R$ 2.665).
A grande maioria dos venezuelanos (cerca de 82%) trabalha na economia informal nesses países.
Quando conseguem um emprego formal, sua contribuição per capital aumenta consideravelmente, de acordo com estudos privados realizados no Peru e no Equador.
No Peru, um venezuelano que contribui legalmente entregava anualmente aos cofres do Estado US$ 133 (R$ 718, na cotação da época) em 2021 e US$ 358 (R$ 1.929, nos valores da época) em 2024.
No Equador, sua contribuição era de US$ 84 (R$ 453) em 2021 e US$ 243 (R$ 1.310) em 2024.
AFP

