Três tipos diferentes de estudos estão sendo conduzidos para entender melhor a nova variante de coronavírus. É comum que os vírus sofram mutações, e o Sars-Cov-2 pode estar na fase inicial de adaptação ao humano.
Um grupo de cientistas independentes do Reino Unido publicou um comunicado para explicar a nova variante de coronavírus, que tem um potencial de transmissibilidade 70% maior que o vírus que foi detectado no começo da pandemia na China.
“A forma mais importante de reduzir o aparecimento de novas mutações é reduzir a propagação do vírus”, afirmou o Sage Independente, um grupo de cientistas que dão conselhos ao governo britânico.
Não há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas.
Os cientistas do Sage afirmam que todos os vírus sofrem mutações, e a maioria delas só deixa o vírus disfuncional.
“Às vezes, elas levam a uma nova característica que é vantajosa para o vírus –ou seja, aumenta a capacidade de ele ser transmitido, que é a ‘meta’ dele, se ele tivesse uma consciência”, disseram.
Segundo eles, esse é o beabá da teoria evolutiva: por definição, as mutações que permanecem na espécie e se espalham são aquelas que dão algum tipo de vantagem e que não vão desaparecer.
No caso de um vírus, isso é acelerado milhões de vezes, dada a taxa de replicação da espécie.
No caso de parasitas, há uma série de mutações que podem acontecer quando ele ultrapassa a barreira entre espécie para se adaptar a um novo hospedeiro –nesse caso, os humanos.
Pode ser que o Sars-Cov-2 ainda esteja nesse período inicial de adaptação aos humanos.
Mutação identificada rapidamente
“A última variante, chamada de VUI202012/01 tem muitas mutações se comparada com o vírus original de Wuhan. Muitas dessas mutações aparecem sozinhas ou em combinações entre elas em outras variantes do vírus que circulam tanto no Reino Unido como em outros países”, afirmam os cientistas do Sage.
Há um consórcio de pesquisadores que estuda o genoma do Sars-Cov-2, e por isso as variantes são identificadas rapidamente.
De acordo com o Sage, não se sabe como o governo do Reino Unido concluiu que a transmissibilidade da nova variante é 70% maior que a dos primeiros coronavírus encontrados na China.
Como são os estudos
Há três formas de estudar a propagação dos vírus:
- No laboratório, observando o crescimento dos vírus em células em tubos de ensaio. É um tipo de experimento que dá subsídios importantes para a compreensão do vírus, mas tem suas limitações, pois não se sabe qual é o comportamento da variante com um sistema imunológico para controlá-la;
- Experimentos com animais para observar como o vírus se multiplica, como ele causa a doença e como é transmitido a outros animais;
- Análise dos dados sobre as populações onde o vírus já se espalhou e tentar provar que a transmissibilidade do vírus aumentou.
Todas essas formas de estudo estão acontecendo. (G1)