Miguel Lucena*
Não se conhece ainda a motivação do massacre ocorrido em escola pública de Suzano, São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 12. O crime foi praticado por dois jovens, um de 25 anos e outro de 17. Arrisco-me, porém, a afirmar que a ação é uma cópia do que vimos ocorrer, de vez em quando, nos Estados Unidos.
Somos muito suscetíveis a copiar as coisas dos países mais em voga a cada época, como fizemos com Portugal, por ser o nosso colonizador, Inglaterra e França, na sequência, e por fim os Estados Unidos.
Incorporamos a língua estrangeira em nosso falar cotidiano, inserindo termos franceses, ingleses e espanhóis em orações portuguesas, como se fosse a coisa mais natural do mundo. “E o meu aprouche?”, pergunta o lobista, já querendo um adiantamento.
No cinema, as pessoas passam mais tempo comendo aquelas pipocas em baldes de cinco litros e bebendo refrigerante de mil/ml do que vendo os filmes, tudo imitação norteamericana.
O processo violento pode ter sido desencadeado por humilhações vividas pelos assassinos/suicidas, fala-se muito em bullying, mas o modo de agir é claramente copiado.
Sempre houve bullying nas escolas, com outro nome: perturbar, zoar, zonar, mexer, bolir, sacanear e escarnecer, mas não causava tanta polêmica como agora.
As crianças estão crescendo em redomas de vidro, imunes a frustrações, podres de mimadas, como diz Theodore Dalrymple, e se tornam jovens cheios de não-me-toques, violentos e sem originalidade.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor