A queda brusca de temperatura, que está prevista para chegar nesta quarta-feira (18/5) no DF, pode colaborar com a escalada de doenças respiratórias
A chegada da massa de ar polar, pode ajudar no aumento do contágio de doenças respiratórias – (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
A massa de ar polar, vinda do sul do Brasil, está prevista para chegar o Distrito Federal nesta quarta-feira (18/5). A mínima prevista para o dia é de 8 ºC, mas as temperaturas devem cair ainda mais nos dias seguintes, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) — podendo chegar a 4 ºC na sexta-feira (20/5).
Meteorologista do Inmet, Olívio Bahia afirma que a sensação da população do DF pode ser de uma temperatura ainda mais baixa. “O frio intenso que chegou esta semana, combinado com possíveis ventos fortes, podem causar uma sensação térmica que deve se aproximar de 0 ºC”, observa Olívio. Contudo, a notícia é boa para quem não gosta do clima ameno. “Ficamos com este frio, pelo menos, até o final de semana. No domingo, as temperaturas devem voltar a subir gradativamente”, finaliza.
Durante o dia, a temperatura máxima ficará em torno de 23ºC, segundo a previsão do instituto. Olívio ressalta que há chances de serem ainda mais baixas. “Talvez não ultrapasse de 22ºC, a depender de como se posiciona a nebulosidade. Sem previsão de chuva para hoje”, avalia. “Para amanhã, se mantém a mínima de 5ºC, podendo ficar abaixo disso nas regiões do entorno do DF”, conclui o meteorologista. A umidade relativa do ar vai variar entre 30% e 95%.
Cuidados para se proteger do frio
O frio já está sendo sentido pelos brasilienses na noite desta terça-feira (17/5). Com isso, os cuidados com doenças respiratórias devem ser ainda maiores, segundo o pesquisador do Centro Universitário IESB e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), Breno Adaid. Ele afirma que o comportamento da população difere no clima frio, pois ela tende a ficar mais tempo, e com maior frequência, em locais fechados. “Como a maior probabilidade de transmissão (da covid) é pelo ar, isso favorece o contágio, especialmente em uma situação onde a taxa ainda está apresentando aumentos”, comenta.
O especialista alerta que, mesmo antes da chegada do frio, os números de novos casos da doença, além da taxa de transmissão, já estão em uma aceleração acentuada. Além disso, Adaid faz algumas recomendações. “Evitar grandes aglomerações em locais fechados, pois isso potencializa fortemente a chance de contágio, e utilizar locais com ventilação adequada, assim como continuar com a utilização de máscaras e álcool gel”, descreve.
Pouca adesão
A vacinação é a arma mais forte contra grande parte das doenças respiratórias. Contudo, as campanhas mais recentes de vacinação da quarta dose — ou segunda dose de reforço — contra a covid-19 estão abaixo do esperado no DF, conforme destaca a infectologista do Hospital Brasília, Ana Helena Germoglio. Ela conta que, apesar de já ter sido divulgada recentemente a possibilidade de vacinação para pessoas acima de 60 anos, já há liberação para os pacientes imunossuprimidos a mais tempo. “Muitos deles sequer sabem que têm essa necessidade de tomar a quarta dose. Então, a gente precisa fazer ainda a ampla divulgação para esse público”, considera a especialista.
Sobre a questão do clima, Germoglio concorda que o frio pode atrapalhar na adesão às vacinas. “Principalmente por causa das pessoas que precisam pegar transporte público ou ficar na fila para imunização. Então, isso pode ser um fator contribuinte para dificultar o acesso da população aos postos de saúde”, relata. “As pessoas vão preferir ficar em casa por conta do frio, além da falsa sensação de que a pandemia já está sob controle e que não precisaria completar o esquema vacinal”, alerta a infectologista.
A especialista pondera que, com a nova alta de transmissão viral e o frio, é importante que haja uma adesão ainda maior às vacinas. “Em épocas de temperaturas mais baixas, a tendência é ter locais fechados, as pessoas fechando portas e janelas — o que dificulta a ventilação. Isso, geralmente, faz com que a gente tenha um aumento na transmissão de doenças virais na época de frio”, frisa. “É daí que vem a importância de se imunizar, não somente contra a covid, mas contra gripe, a vacina do pneumococo também — principalmente para idosos. Melhor a gente tomar uma ‘picadinha’ do que precisar ficar internado por alguma doença grave”, conclui Germoglio.
De acordo com o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde (SES-DF), a taxa de transmissão da covid-19 está em 1,33. O dado ilustra que um grupo de 100 pessoas pode infectar outras 133, além de significar que a pandemia está fora de controle, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). (CB)