Condenado a mais de 300 anos de prisão, Marcos Willians chegou ao DF em março de 2019, causando desconforto no governo local
O chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi transferido, nesta quinta-feira (3/3), da Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA) para a unidade de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Marcola estava preso no DF desde março de 2019.
Antes de chegar ao DF, Marcola estava em Rondônia. Marcos Willian chegou à capital em 22 de março de 2019 escoltado em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles pousaram em Brasília por volta das 13h15 e o comboio seguiu às 13h55 para o presídio federal, abrindo caminho pelas vias. Helicópteros das forças de segurança pública sobrevoavam as proximidades da unidade, que fica na mesma entrada do Complexo Penitenciário da Papuda. Quinze carros da Polícia Federal fazem a escolta.
Em 13 de fevereiro de 2019, outros três líderes do PCC chegaram a Brasília em uma operação que retirou 22 integrantes da cúpula da organização criminosa de Presidente Venceslau (SP) para presídios federais
A transferência de Marcola causou desconforto no governo local. No mesmo dia em que o chefe da facção chegou ao DF, o governador Ibaneis Rocha (MDB) repudiou a decisão. “Trazer o crime organizado para dentro da capital da República é uma verdadeira jabuticaba”, afirmou, à época, o chefe do Buriti.
Mais de 300 anos de condenação
Condenado a mais de 300 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, é o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele fundou a facção com Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, na Custódia de Taubaté, em São Paulo. O objetivo da organização era o combate a abusos do sistema prisional paulista e vingar a morte dos 111 presos mortos no Carandiru.
Órfão aos 9 anos, Marcos Willians andava pelas ruas de São Paulo roubando carteiras e aparelhos de rádio. Aos 18 anos, foi preso por roubo a banco e trancafiado no Complexo do Carandiru, onde se juntou aos primeiros integrantes do grupo que se tornaria uma organização criminosa com alcance em praticamente todos os estado. À frente da maior facção criminosa do país, Marcola organizou o domínio dos presídios paulistas, que reúnem 231 mil detentos, maior contingente de pessoas reclusas no Brasil.
Marcola sempre rebateu as afirmações de que comanda o PCC. “Não existe um ditador. Embora a imprensa fale, romanticamente, que existe um cara, o líder do crime. Existem pessoas esclarecidas dentro da prisão, que com isso angariam a confiança de outros presos”, declarou o condenado, em audiência pública na CPI do Tráfico de Armas, em 2006.
Essa é a segunda passagem de Marcola por Brasília. Em 2001, ele desembarcou na capital vindo da Penitenciária Modulada de Ijuí (RS). Na Papuda, mesmo isolado, Marcola escolheu aliados de confiança e criou um braço do PCC, denominado Paz, Liberdade e Direito (PLD). Em 18 de outubro de 2001, explodiu a última rebelião no sistema carcerário brasiliense. Desde então, as polícias do DF tentam impedir a instalação de uma célula do PCC no presídio candango.
Veja a nota do Departamento Nacional Penitenciário
Nesta quinta-feira, 3 de março, o Departamento Penitenciário Nacional realizou a transferência do interno Marco Willians Herbas Camacho, que estava custodiado na Penitenciária Federal em Brasília.
O Sistema Penitenciário Federal (SPF) é referência no Brasil e no mundo pelo combate ao crime organizado, mediante isolamento de lideranças criminosas e presos de alta periculosidade, graças a um rigoroso e eficaz regime de execução penal.
Por razões de segurança, o Depen não informará a unidade de destino do preso transferido.
As transferências de presos são medidas rotineiras no SPF e são efetivadas por indicação da inteligência penitenciária, atividade essencial para orientar a definição de estratégias de combate ao crime organizado.
A operação envolve a atuação de outros órgãos de segurança integrantes da estrutura do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a saber: Secretaria Nacional de Segurança Pública, por meio da Força Nacional de Segurança Pública; Polícia Rodoviária Federal; e Polícia Federal.