Miguel Lucena
Paulo era bonito, tirado a conquistador e metido a valente.
Baleado por um amigo da minha família, em legítima defesa, passou a ameaçar meus irmãos.
Quando saiu a música Xililique, ele chamou umas moças e foi dançar em frente à minha casa, em Princesa, Paraíba. Eu era bem pequeno, mas me lembro de minha mãe, apavorada, dizendo que a ferida da bala sangrava enquanto Paulo dançava.
O tempo avançou, Paulo passou a namorar a amante de outro homem valente, Osmando, o qual se vingou disparando a carga do revólver contra ele, na porta de um clube, onde se realizava um baile.
Meu irmão Galego, ingênuo, se aproximou e ainda conseguiu botar uma vela acesa na mão do morto, pedindo sossego para sua alma no outro mundo.
Perto dali, vendendo pão com carne e refresco, uma velha não perdeu a oportunidade para espalhar maldades:
– Mata e ainda bota vela na mão.