Para Olímpio, a presença de Guedes no governo é incompatível com os planos do presidente de reeditar, segundo ele, um plano de infraestrutura semelhante ao do regime militar. “Ele quer reativar o ‘Pra Frente Brasil”, do Médici, em 1970″, observou. “Bolsonaro gostou de andar de capacete branco em obra e de subir em jumento. Já o Guedes está tentando segurar a chave do cofre”, disse.
“Mas não vai dar certo isso aí. O time do presidente manifesta que não suporta mais o Guedes”, destacou o senador em entrevista.
Pandemia
A semana terminou com os ânimos acirrados devido às declarações do ministro. Com isso, senadores já preparam denúncias para serem colocadas publicamente em sua audiência, caso ela ocorra. O líder do ex-partido de Bolsonaro pretende levantar a discussão sobre o uso das verbas destinadas ao combate à pandemia, que hoje estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Para ele, na tentativa de conseguir fidelidade da base, o governo ofereceu verbas destinadas ao combate à pandemia de coronavírus para que fossem usadas pelos parlamentares em seus redutos eleitorais.
“Criminoso é o governo, que ofereceu para a gente verba da Covid-19. Era para destinarmos para onde a gente quiser. Foi um toma-lá-dá-cá pior, criminoso, com verba marcada ‘ação Covid-19’. Eu não aceitei e ainda denunciei. Safadeza com dinheiro público”, destacou. “Segundo consta, 51 senadores fizeram a destinação. Tem município que recebeu R$ 6 milhões e não tem caso de Covid-19”, disse o senador.
Polícia
Outro assunto que virá a tona é a demora do presidente em publicar o veto ao projeto. Para Olímpio, Bolsonaro postergou a publicação para poder dar reajustes de salários para a Polícia Militar do Distrito Federal. Os reajustes ocorreram em maio deste ano, por meio de uma Medida Provisória. “Bolsonaro levou 20 dias para fazer o veto para poder aprovar o aumento salarial da Polícia Federal e da polícia do Distrito Federal, e agora ele vem com a safadeza de dizer que nós estamos promovendo gastos”, reclamou.
Desafio
Irritado com o fato de o ministro ter dito que o Senado cometeu um crime ao votar contra o veto do presidente Jair Bolsonaro, na quarta-feira, Olímpio diz que o ministro mentiu ao informar que a liberação de reajustes para os servidores públicos acarretaria uma despesa de R$ 120 bilhões aos cofres do governo.
“Estou desafiando o Paulo Guedes porque ele disse que o Senado praticou um crime. Eu estou dizendo que é mentira ele ter afirmado que teria um aumento de despesa de R$ 120 bilhões. Eu desmascaro a mentira na medida em que todos os estados hoje já estão acima do 60% do limite prudencial em relação ao gasto com folha. Então, nenhum estado brasileiro pode dar reajuste nenhum”, disse o senador, que sustenta ter participado, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e com o então líder da Maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, da construção do texto aprovado, com o próprio Paulo Guedes e o assessor especial da pasta, Esteves Colnago.
“Quem deu aval para esse texto foi o próprio Guedes. Eu acompanhei isso. O texto que está lá, inclusive incluindo as Forças Armadas, é texto meu e da minha assessoria, feito com o Paulo Guedes, com o Colnago, o Davi Alcolumbre e o Fernando Bezerra”, relatou.
“Era meramente autorizativo. Além disso, pelo Pacto Federativo, a União não pode restringir nem facultar o que vai ser a política salarial do estado. Até porque ela não paga”, argumentou. “É uma tremenda de uma canalhice quando ele afirma que foi um crime porque ele [Guedes] autorizou o texto.”