Há pelo menos dois casos suspeitos de reinfecção de Covid-19 registrados entre servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Embora não haja confirmação oficial, os episódios ocorreram com uma agente comunitária lotada na Unidade Básica de Saúde 3 de Taguatinga e também com uma fonoaudióloga da Gerência de Serviços de Atenção Secundária da pasta.
No primeiro caso suspeito, sob a condição de anonimato, a servidora contou ao Metrópoles ter realizado os testes RT-PCR (com coleta de secreção do nariz) após apresentar, em dois momentos diferentes, sintomas similares aos do novo coronavírus.
“Fiz o primeiro exame em junho após ter diarreia, mal estar e dor de cabeça. O resultado do swab foi positivo e precisei me afastar. Depois, no fim do mês de agosto, tive novamente os sintomas, só que dessa vez agravados por uma febre, quando me convenceram a realizar um novo teste. Para minha surpresa, voltou a dar positivo e tive que homologar novamente o atestado”, afirmou.
No outro registro, a fonoaudióloga relatou também ter recebido dois resultados positivos para o Sars-Cov-2 em momentos diferentes, o que caracterizaria uma possível reinfecção da doença. Após a primeira vez, a servidora decidiu tratar das sequelas causadas pela doença, quando passou a ter novos sintomas, mesmo depois de curada.
“Iniciei minhas férias laborais e precisei começar o tratamento para sequela da Covid no ambulatório para sequela pós-Covid. Fui à primeira consulta dia 20/10/20 e no dia 22/10/20 tive sintomas de gripe, que pioraram no dia seguinte. No dia 26/10/20, [o exame] confirmou ser uma reinfecção por Covid”, escreveu a servidora em despacho direcionado à chefia imediata.
Protocolo
Os exames realizados pelas duas servidoras utiliza técnicas de biologia molecular para detectar se o vírus Sars-CoV-2 está presente no corpo no momento da coleta. É considerado “padrão-ouro” para diagnóstico e indicado para quem está com sintomas da doença.
O Ministério da Saúde considera como caso suspeito o paciente com dois resultados positivos de RT-PCR em tempo real para o vírus Sars-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independentemente da condição clínica observada nos dois episódios.
De acordo com o órgão federal, para comprovar uma nova contaminação, foi criado um rigoroso protocolo. A medida ocorre porque, cientificamente, há risco de o vírus ser o mesmo, podendo estar incubado e ter voltado à atividade no organismo.
Casos não confirmados
Procurada, a Secretaria de Saúde nega haver confirmações oficiais de reinfecção da doença no Distrito Federal. Em nota, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep/SVS) informou que, seguindo as orientações do Ministério da Saúde para casos suspeitos de reinfecção da Covid-19, no DF deverão ser enviadas as fichas de notificação do caso suspeito digitalizadas e um relatório de investigação do caso para o e-mail do órgão.
“A investigação de casos suspeitos de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2 depende do encaminhamento para os laboratórios de referência nacionais das respectivas amostras biológicas”, registrou a pasta.
Segundo o setor responsável pelas notificações, “a unidade pública ou privada que constatar que o paciente suspeito de reinfecção possui duas amostras positivas, conforme critérios do Ministério da Saúde, deve fazer a notificação e encaminhar as duas amostras para o Lacen-DF, que as enviará para um dos laboratórios referências no Brasil: Fiocruz/RJ, Instituto Adolfo Lutz ou Instituto Evandro Chagas. Após as devidas investigações epidemiológicas e laboratoriais, o resultado será informado via Ministério da Saúde”.
HFA
Nesta sexta-feira (13/11), o Metrópoles revelou com exclusividade que o Distrito Federal pode estar prestes a ter o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 confirmado. Testes de um médico do Hospital das Forças Armadas (HFA) recebidos pela reportagem indicaram que o servidor voltou a ter resultado positivo para a doença cinco meses após ter sido considerado livre do vírus.
De acordo com os exames, o médico teve a confirmação de Covid-19 em 2 de junho. Após duas semanas, realizou novo teste, que não detectou mais a presença do vírus. Assim, o servidor voltou a trabalhar normalmente.
Em agosto, o profissional de saúde sentiu-se mal outra vez. Estava com sintomas parecidos com os relacionados ao novo coronavírus. Uma nova verificação foi feita e o resultado do exame deu negativo.
No início de novembro, no entanto, o homem apresentou novo mal-estar. Sem olfato, com tosse e se sentindo muito cansado, o médico foi submetido a mais um teste para detecção da Covid-19. E novamente o resultado foi positivo para a doença. O servidor está afastado do trabalho e se recupera em casa.
A identidade do médico também não foi revelada para garantir sua privacidade.
Caso em Aracaju (SE) deve ser o primeiro do Brasil
Os casos de reinfecção pelo coronavírus levantam dúvidas sobre quanto tempo dura a imunidade à doença. Essa é uma das questões mais importantes tanto para o desenvolvimento de vacinas como para as medidas que deverão ser seguidas para controlar novas ondas da Covid-19. Até agora, apenas cinco casos de reinfecção foram comprovados no mundo: em Hong Kong, Bélgica, Holanda, Equador e Estados Unidos.