Concretagem de cratera e do túnel de ventilação é para conter a erosão da marginal e dar sustentação à tubulação de esgoto rompida para poder efetuar os reparos. Esgoto que passava pela tubulação foi transferido para outra rede.
Cratera da Marginal Tietê é concretada para evitar risco de novas erosões após desmoronamento em obra do Metrô nesta terça (1) — Foto: Reprodução TV Globo
Mais de mil viagens de caminhões de concreto devem ser utilizados nos trabalhos de concretagem da cratera que se abriu na Marginal do Tietê, na Zona Norte de São Paulo, segundo informações do presidente da Concreserv, empresa que participa do reparo da obra nesta quarta-feira (2).
A cratera e o túnel de ventilação estão sendo concretados para dar mais sustentação e evitar novos deslizamentos na pista da Marginal Tietê, além de apoiar a tubulação de esgoto rompida para poder efetuar os reparos. O esgoto de 9 bairros que passava pela tubulação rompida foi transferido para outra rede coletora paralela na noite de quarta-feira.
O reparo da tubulação ainda não tem prazo para começar, pois será necessário aguardar o término da concretagem e retirada da água que vazou, e que será feita pelo poço da obra do Metrô que fica do lado contrário da marginal.
De acordo com o Paulo José Galli, secretário dos Transportes Metropolitanos, serão injetados 5 mil cúbicos de argamassa com concreto.
“Vai ser colocado [argamassa com concreto] para substituir a terra que tinha e foi solapada. Posteriormente, vão ser colocadas também algumas estacas ao longo da marginal para poder sustentar todo o terreno que está lá”, disse.
Início dos trabalhos
A concretagem do mega buraco começou já na madrugada e cerca de 120 caminhões da empresa estão se revezando para transportar cerca de 20 mil toneladas de concreto de sete usinas da Concreserv até o local do acidente, disse Fábio Novaes, presidente da empresa.
“Tivemos que suspender o atendimento de outros clientes para atender aqui emergencialmente, para não desmoronar ainda mais a pista. Vai dar entre oito e 10 mil metros de concreto, que corresponde a cerca de 1.000 a 1.200 viagens de [caminhões] de concreto para poder conter o desmoronamento. Essa estimativa é mínima, isso se o desmoronamento não estiver dentro do túnel”, afirmou.
“É necessário no mínimo 20 mil toneladas de concreto. Estamos com sete bombas de concreto bombeando a obra ininterruptamente, carregando de sete usinas de concreto”, completou Novaes (veja vídeo acima).
Na manhã desta quarta-feira (2), caminhões de pedras também foram registrados na região transportando pedras que serão usadas para a estabilização do buraco. As pedras estão sendo jogadas dentro do buraco, junto com a argamassa.
Esgoto da região central
O secretário de Transportes afirmou que no momento a prioridade é liberar a pista central da Marginal Tietê, que deve ocorrer em um prazo de até 10 dias. Ele também disse que o esgoto que vazou no poço de ventilação e na cratera será retirado pelo outro fosso localizado no sentido Castello Branco da marginal, já que a água alagou todo o túnel, que interliga os dois pontos.
“As rochas são colocadas no fosso de ventilação para dar estabilidade ao sistema todo e uma vez dando estabilidade nós vamos fazer a remoção do esgoto através do fosso do outro lado da Marginal Tietê”, explicou Galli.
O tatuzão que estava no túnel no momento do desmoronamento foi danificado e novas peças serão compradas para reformá-lo.
Segundo Galli, os custos extras com o solapamento, como os gastos com rochas e concreto, serão pagos pela Acciona, pois já estão inclusos nos riscos de engenharia. O valor de concessão do contrato não vai aumentar.
Caminhões carregando pedras que foram utilizadas para preencher cratera formada na Marginal Tietê — Foto: Reprodução/TV Globo
Rodízio suspenso
O rodízio municipal de veículos ficará suspenso na cidade de São Paulo até sexta-feira (4) por causa do acidente na obra da Linha 6-Laranja do Metrô na pista local da Marginal Tietê, na Freguesia do Ó, Zona Norte, segundo anúncio da Prefeitura de SP nesta quarta (2).
Pela manhã, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que as pistas local e central da Marginal Tietê, sentido rodovia Ayrton Senna, continuam interditadas. A pista expressa foi liberada para o escoamento do tráfego.
Caminhão com pedras que serão despejadas no túnel da Linha 6- Laranja do Metrô para evitar risco de novas erosões na Marginal Tietê após desmoronamento — Foto: Reprodução TV Globo
Segundo a empresa, o buraco criado pelo acidente na terça (1) parou de ceder e foi estabilizado durante a madrugada, quando trabalhadores da empresa concessionária da obra começaram a concretar a cratera e iniciaram os trabalhos de escoamento da água.
O trânsito represado da pista local interditada na Marginal está sendo desviado para as pistas central e expressa. Já os veículos que estão na pista local estão sendo direcionados para o corredor da Av. Ermano Marchetti / Marquês de São Vicente, e retornam para a Marginal na altura da Praça Pedro Corazza.
Na noite desta terça (1), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), esteve no local da cratera e disse que serão colocadas estacas entre as pistas central e local para evitar que a cratera aumente. Esse estaqueamento começará – provavelmente – na manhã desta quarta (02), disse o prefeito.
Nunes também publicou no Diário Oficial desta quarta um decreto criando uma rota alternativa na Marginal pela rua Aquinos e abrindo uma via provisória em terrenos públicos e privados na continuação dela (veja foto abaixo).
Rota alternativa que vai ser criada na Marginal do Tietê, segundo o decreto publicado pelo Prefeito Ricardo Nunes (MDB) nesta quarta-feira (2). — Foto: Reprodução/Diário Oficial
O decreto do prefeito fala em criação da rota alternativa em caráter de emergência, mas não fala em data exata de implantação. A Prefeitura fala extra oficialmente em criar a rota alternativa em até dois dias, porque é preciso autorização de donos de alguns galpões que estão em áreas privadas, para construir a alternativa.
O Diário Oficial do Estado também publicou nesta quarta (2) a constituição do comitê criado pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos, em conjunto com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, que irá apurar os fatos que geraram o acidente e responsabilidades relacionados ao episódio.
Caminhões carregando pedras que foram utilizadas para preencher cratera formada na Marginal Tietê — Foto: Reprodução/TV Globo
O Comitê, segundo o governo paulista, será integrado por profissionais com expertise nas áreas técnica, financeira, jurídica e de comunicação e vai, entre outras atribuições, também monitorar o cumprimento das providências necessárias para recuperação da área do acidente.
“O colegiado também contará com representantes de entidades da administração direta ou indireta do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo e de Concessionárias de Serviços Públicos, para participar dos trabalhos, visando a adoção de medidas para a rápida normalização do tráfego local e da retomada das obras”, disse a secretaria de Transportes.
Obra de Metrô
Uma cratera se abriu na Marginal Tietê após o asfalto ter cedido ao lado da obra do Metrô da Linha 6-Laranja, na Marginal Tietê, na Freguesia do Ó, na Zona Norte de São Paulo, na manhã desta terça-feira (1º). Não houve feridos. Dois funcionários que tiveram contato com a água que jorrou do acidente foram socorridos pelos bombeiros.
O desmoronamento ocorreu por volta das 9h, antes da Ponte do Piqueri, no sentido Ayrton Senna, ao lado de um poço cavado construído entre as futuras estações Santa Marina e Freguesia do Ó, da Linha 6-Laranja.
Ao longo da terça-feira, a cratera aberta no acidente aumentou de tamanho e afetou três das quatro faixas da pista local da Marginal do Tietê.
De acordo com o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Galli, o vazamento de uma galeria de esgoto causou o acidente.