Marcelo Torres*
Não sei o porquê, mas, volta e meia, eu confundo Formosa com Luziânia e vice-versa. Essas duas simpáticas cidades goianas têm mais ou menos igual distância — ou proximidade — de Brasília. Talvez seja isso. Acontece. Às vezes me atrapalho também com Belém e Manaus, Washington e Nova Iorque, Roraima e Rondônia, Cuiabá e Campo Grande, CRB e CSA e não sei dizer quem é Chitãozinho nem quem é Xororó.
Falando isso com colegas, amigos ou meros conhecidos, descobri então que não sou só eu que troca Formosa por Luziânia e Luziânia por Formosa. “Quase todo mundo que mora em Brasília faz essa confusão entre as duas cidades”, me disse uma amiga que é de Luziânia e mora há um bom tempo em Brasília.
E para confirmar a confusão que as pessoas em Brasília fazem sobre os nomes das duas cidades, ela me contou um fato que aqui será recontado com uns pontos a mais e outros a menos, a fim de não ferir suscetibilidades e com nomes fictícios.
Uma amiga dela, a Rosa, colega da UnB, conterrânea de Luziânia, conheceu na mesma universidade um doutorando colombiano, só que de outra área de pesquisa. Rosa achou o sotaque bonito, o moço bonito — enfim se encantou por ele. Aí começaram a namorar. E não é que ele vivia trocando os nomes de Luziânia por Formosa e Formosa por Luziânia? Toda vez que era pra falar de uma falava da outra.
No início, Rosa não estranhou, não desconfiou, apenas achava curioso — que motivo levaria um estrangeiro a confundir as duas cidades e de modo tão frequente? O moço sempre dava a mesma explicação: conhecia as duas cidades e as achava um pouco parecidas. E se falava Formosa era porque rimava com Rosa.
Rosa… Formosa. Ela achou graça. Riu, gostou. O colombiano espirituoso, brincalhão. Ela, cada vez mais encantada. Um ano e pouco. E tudo eram rosas, eram flores, amores.
Chegou o Dia dos Namorados de 2018, os dois juntinhos. E volta e meia a troca: em vez de falar Luziânia, ele falava Formosa. Ora, era a rima: Rosa rimava com Formosa. Aí chegou 2019, chegou o mês de junho, ali perto do Dia dos Namorados e…
Era uma segunda-feira, 10 de junho. Rosa queria saber o que iam fazer na quarta, dia 12. O moço então falou que estava com trabalhos acadêmicos atrasados e que passaria o Dia dos Namorados em casa. “Vamos deixar para comemorar na sexta-feira”, disse ele. E ela, sem alternativa, aceitou — mas estranhando.
Bom, para resumir a história. Na quarta-feira, 12 de junho, Dia dos Namorados, amigos e amigas de Rosa estavam se divertindo num vinheiro, na Asa Norte. De repente, quem ia saindo? Ele, o colombiano, de mãozinhas dadas, cheio de amor, com outra mulher. E essa mulher tinha nome Vânia.
Ao verem a cena, as amigas obviamente ligaram os fatos e ligaram para Rosa, que botou um ponto final na história.
Vânia, de Formosa. Rosa, de Luziânia.
É bem provável que quando estivesse com Vânia, ele se referisse à cidade dela como Luziânia.
O cidadão estava há dois anos com Vânia e há um ano e meio com Rosa.
Agora, um último detalhe, que parece até mentira: o nome do colombiano era… Juan. Um Dom Juan.