O presidente adotou tom de cautela ao falar das investigações sobre a “Abin paralela” e também ressaltou a necessidade de provas
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou tom de cautela ao falar sobre trocas na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A Polícia Federal (PF) investiga o uso da agência para espionar, de forma ilegal, adversários políticos do governo na época da chefia de Alexandre Ramagem (2019 a 2021), durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL).
“A gente nunca está seguro. O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin [Luiz Fernando Corrêa] é um companheiro que foi meu diretor-geral da PF entre 2007 e 2010. É uma pessoa que eu tenho muita confiança e por isso eu o chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E esse companheiro montou a equipe dele”, iniciou Lula, nesta terça-feira (30/1).
Lula então destacou a acusação de que Alessandro Moretti, número dois da agência, teria mantido relação com Ramagem. “Se isso for verdade, e isso está sendo provado, não há clima para esse cidadão continuar na polícia”, falou o presidente, em entrevista à rádio CBN de Recife.
“Mas antes de você fazer simplesmente a condenação a priori, é preciso que a gente faça a investigação, que a gente apure, que a gente garanta o direito de defesa. Se você se deixar levar apenas pela manchete de jornal… Você é contra a pena de morte, mas está matando as pessoas sem dar chance de elas se defenderem”, pontuou.
As investigações da PF sobre o tema se intensificaram na segunda-feira (29/1), quando o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se tornou
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em alguns endereços ligados a Carlos, incluindo uma casa de praia onde a família estava reunida, em Angra dos Reis (RJ). As buscas tiveram autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF investiga se a família Bolsonaro utilizou as informações da Abin para beneficiar os filhos do ex-presidente em outros inquéritos policiais. Há suspeita de produção de provas a favor de Jair Renan Bolsonaro e preparo de relatórios de defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Grande asneira”, diz Lula sobre Bolsonaro
Na mesma entrevista, nesta terça, Lula rebateu críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a operação da Polícia Federal realizada na segunda-feira.
Ainda na segunda, após a operação, Bolsonaro criticou o ministro Alexandre de Moraes em entrevista à CNN e disse que continua sendo “perseguido pelo governo do Lula”.
Lula negou qualquer tipo de perseguição. “Ele falou uma grande asneira, o governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Tem o processo, a investigação, a decisão de um ministro da Suprema Corte que mandou fazer busca e apreensão, por suspeita de utilização de má-fé pela Abin, dos quais o delegado responsável era ligado à família Bolsonaro”, disse o petista.
Fonte: Metrópoles