Segundo Lula, dólar aumenta e Bolsa cai por conta dos “especuladores”. Em discurso na COP27, petista pede responsabilidade social
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Enviado especial a Sharm El-Sheikh*– O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou, nesta quinta-feira (17/11), que não adianta ficar pensando apenas em responsabilidade fiscal. Segundo ele, também é preciso começar a pensar em responsabilidade social.
“O que é o teto de gastos no país? Se o teto de gastos fosse para descobrir que a gente não vai pagar a quantidade de juros para o sistema financeiro, que a gente paga todo ano, mas a gente fosse continuar mantendo as políticas sociais intactas, tudo bem; mas não”, argumentou, durante evento da COP27.
Segundo Lula, o teto de gastos tira dinheiro de áreas como saúde, educação, ciência e tecnologia e cultura.
“Ou seja, você tenta desmontar tudo aquilo que é do social, mas não mexe um centavo do sistema financeiro. Não mexe um centavo daqueles juros que os banqueiros têm que receber”, disse o petista, após chamar a atenção da imprensa.
“Ah, mas se eu falar isso vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar. Paciência! Porque o dólar não aumenta e a Bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores, que vivem especulando, todo santo dia. Nós vamos cumprir meta de inflação, sim. Mas nós temos que ter meta de crescimento. Como vamos fazer que a riqueza seja distribuída?”, ponderou.
Nesta manhã, Lula participou de evento com a sociedade civil brasileira na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), em Sharm El Sheikh, no Egito.
Devido à quantidade de pessoas, a reunião não pôde ser realizada no espaço original do Brazil Action Hub e foi transferida para outras duas salas maiores. Cerca de 240 pessoas acompanharam o petista.
Viagem à COP27
Lula chegou a Sharm El-Sheikh na madrugada desta terça-feira (15/11) pelo horário local (noite de segunda-feira, 14/11, em Brasília). Ele viajou à cidade-sede da COP27 em um jatinho do empresário José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp e delator na Lava Jato.
O petista foi convidado publicamente pelo presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, para participar do evento climático.
Na terça, Lula teve encontros bilaterais com autoridades do clima dos Estados Unidos, da China e da Espanha. Ele também dialogou com o presidente do Egito e se reuniu com senadores que participam da COP27, incluindo o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com quem conversou reservadamente.
Na quarta-feira (16/11), Lula compareceu a um evento com governadores da Amazônia. O presidente eleito disse que vai pedir ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que a COP30 seja realizada no Brasil, mais especificamente na Amazônia. O evento ocorrerá em 2025.
Guterres e Lula se reúnem nesta quinta.
Mais tarde, Lula falou na “blue zone” da COP, onde ocorrem as negociações. O presidente eleito afirmou que seu governo vai priorizar o combate às mudanças climáticas, cobrou recursos de países ricos e propôs uma aliança global pelo fim da fome. “Nós precisamos de uma governança global, sobretudo na questão climática. Precisamos de um fórum multilateral para que as decisões sejam cumpridas nos países. É por isso que estou aqui”, destacou.
Além da conversa com Guterres, Lula terá encontros nesta quinta-feira com representantes da sociedade civil brasileira, do Brazil Hub e do Fórum Internacional dos Povos Indígenas/Fórum dos Povos sobre Mudança Climática.
*O repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS).
Com o Metrópoles