O lote com as primeiras 120 mil doses da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, chega ao país em 20 de novembro. A informação foi anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (9).
A aplicação do imunizante poderá ser iniciada após a conclusão da fase 3 de testes e a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Segundo Doria, a agência de vigilância sanitária da China confirmou a liberação da exportação das doses para o Brasil. A importação de seis milhões de vacinas foi autorizada pela Anvisa em 23 de outubro. O total de lotes deve chegar ao país até 30 de dezembro, de acordo com o governador.
As doses que chegarem da China ficarão estocadas no estado de São Paulo. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o local, que não será divulgado, terá segurança reforçada dada a importância do produto.
Covas informou que tomou conhecimento nesta segunda, ainda em um comunicado extra-oficial, que as autoridades sanitárias chinesas já liberaram a exportação da primeira parte de matéria-prima para a produção da Coronavac pelo Butantan.
Os insumos devem chegar por volta do dia 27 de novembro, e a produção do imunizante no país deve começar em seguida. Segundo Covas, a quantidade de matéria-prima desse primeiro lote permitirá a fabricação de 1,2 milhão de doses.
Doria também anunciou o início da construção da fábrica que fará a Coronavac no país. O espaço fica em uma instalação que já existia no Instituto Butantan e será remodelada.
A fábrica terá 10 mil metros quadrados de área e capacidade para produzir 100 milhões de doses de vacina contra Covid-19 por ano, segundo Covas. A planta será construída com doações da iniciativa privada ao custo de R$ 160 milhões. Cerca de R$ 130 milhões já foram arrecadados, segundo o governo de São Paulo.
A obra deve ser concluída em setembro de 2021. Após isso, a fábrica entra em operação para conseguir o certificado de boas práticas de vacinação “que deve vir até o fim de 2021”, segundo o diretor do Butantan.
Ainda de acordo com Dimas Covas, a nova fábrica permitirá que o Instituto Butantan faça todo o processo produtivo da Coronavac, sem depender de mais insumos vindos da China. A planta também poderá ser utilizada para produzir doses de outras vacinas, afirma.
O anúncio da chegada das doses acontece em meio à guerra política a respeito das vacinas, na qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB), prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022, trocaram farpas em razão da aquisição e da obrigatoriedade da imunização.
Com o acirramento do debate, pesquisa do Datafolha neste mês constatou que caiu o interesse dos moradores de quatro grandes capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte – em se imunizar. Além disso, o imunizante desenvolvido pela China é o que encontra maior resistência entre os entrevistados.
A tensão política entre ambos se agravou ainda mais após o presidente desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, um dia após ele ter anunciado acordo com o estado de São Paulo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.
O governo federal já anunciou aquisição de 140 milhões de doses da vacina, sendo 100 milhões da parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, por intermédio da Fiocruz, e outras 40 milhões de doses obtidas através do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
O governo do estado ainda planeja uma ampla campanha de divulgação dos benefícios da vacinação contra a Covid-19 e da qualidade da Coronavac a ser veiculada em jornais, rádio, TV e internet.
Doria afirma que a campanha deve subir o grau de confiança na vacina feita pelo Butantan em parceria com a Sinovac, além de estimular a vacinação. O governador pretende que 90% dos paulistas se vacinem contra a Covid-19, e, segundo o Datafolha, atualmente 72% têm intenção de fazê-lo.
Desde a última sexta-feira (6), São Paulo e outros quatro estados estão sem informações diárias da evolução da doença. O secretário de estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que enviou ofício nesta segunda ao Ministério da Saúde pedindo solução para falha no processamento dos dados sobre casos e mortes e Covid-19.
“Não é razoável que o Ministério da Saúde não dê condições ao Governo do estado de São Paulo, através da sua secretaria da saúde, de informar corretamente os dados sobre a Covid-19. O problema não é do governo do estado. Lamentavelmente, neste momento, o problema é do Ministério da Saúde”, afirmou Doria.
O Ministério da Saúde declarou no domingo (8) que a situação ocorre devido a novos problemas na rede da pasta, que chegou a ser desativada na quinta (5), após identificação de um vírus. O ministério investiga as causas do problema – servidores suspeitam de uma invasão por hackers.
“O Ministério da Saúde está revisando todas as camadas de segurança dos sistemas de Informação do SUS, o que pode ocasionar intermitência nos sistemas e na disseminação de informações da saúde durante o fim de semana, com previsão de término até o próximo domingo (8)”, informou.