Buriti impede derrubada de veto e afirma que, se os alternativos voltarem, as tarifas aumentarão. Câmara suspende discussão, mas projeto voltará à agenda
O governo entrou em ação e impediu que o veto do governador Rodrigo Rollemberg ao Projeto de Lei 958/2012, que liberava a volta dos micro-ônibus no DF, fosse derrubado, ontem, na Câmara Legislativa. Até a Secretaria de Mobilidade entrou em campo para mostrar aos deputados que, se os alternativos voltarem, o transporte público convencional vai custar mais caro aos cofres públicos.
“Se tirarmos os passageiros do sistema, a tarifa técnica será elevada”, argumenta o secretário de Mobilidade, Marcos Dantas. Para ele, o debate deve ser amadurecido e este não seria o momento para derrubar o veto. “Fizemos algumas conversas para mostrar aos deputados que não é interessante para a cidade usar este tipo de transporte”, completa.
A decisão do governador de barrar a proposta, argumenta Dantas, foi baseada em estudos técnicos e jurídicos. “Por uma questão de coerência, o governo se posiciona pela manutenção do veto”, destaca.
Cerca de 100 associados da Associação do Sistema de Transporte Público Complementar do DF e Entorno (Asstrap) esperavam o plenário da Casa abrir para ocupar a galeria e pressionar os deputados pela derrubada do veto. Mas nem chegaram a entrar na Câmara. Com a intervenção do Executivo, não foi possível construir acordo e o veto saiu da pauta.
Pelas contas da associação, pelo menos 13 deputados estavam fechados pela derrubada do veto. Na Câmara Legislativa, os parlamentares se limitaram em dizer que não havia acordo para se discutir a questão.
Alternativa
Os associados argumentam que os micro-ônibus atenderiam a regiões que não são contempladas pelo transporte convencional e que a intenção não seria concorrer com os ônibus. Marcos Dantas rechaça o argumento: “Queria entender que locais são estes que não são atendidos pelo transporte público. Desconheço isso. O sistema cobre todos os locais que necessitam de transporte”.
Ele afirma que, na medida em que o sistema se consolida, os ajustes são feitos. “A gente vem realinhando”, completa.
Passageiro não crê em melhorias
Na avaliação de passageiros, a volta do transporte alternativo, cujo objetivo é complementar o serviço prestado pelos ônibus, não deve facilitar a vida de quem depende da condução. A doméstica Maria Inácia, 60 anos, diz que o sistema de transporte é que precisa de diversas melhorias. “As experiências do passado não eram boas”, opina.
O rodoviário Jonathan Oliveira, 22 anos, não acredita que, com os alternativos, o transporte melhore. “Elas quebravam muito e poluíam o meio ambiente. Os motoristas também eram grossos e trafegavam em alta velocidade”, destaca. Apesar disso, ele reconhece que a retomada do serviço aumentará o número de postos de trabalho no DF.
Piratas fazem a festa
Enquanto isso, é possível flagrar, facilmente, os transportes piratas em ação na área central da capital. A reportagem do JBr. flagrou diversos carros embarcando e desembarcando passageiros na Rodoviária do Plano Piloto.
Agressivo e bastante exaltado, o condutor de um dos veículos ameaçou a equipe de reportagem, ao perceber que era observado: “Apaga essa foto agora ou eu vou quebrar a câmera e sua cara. Tenho um porrete dentro do meu carro”.
“O pirata só existe porque o transporte do governo não é de qualidade”, disse outro motorista irregular, que não quis se identificar.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília