Chanceler russo, Sergey Lavrov, afirma que os EUA buscam substituir exportações de petróleo russo por produtos energéticos norte-americanos

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acusou nesta terça-feira (30/9) os Estados Unidos de pressionarem a Índia a abandonar a compra de petróleo russo como parte de uma estratégia para isolar Moscou e abrir espaço para os produtos energéticos norte-americanos.
“A verdadeira razão é que o presidente Trump declarou a necessidade de os Estados Unidos zelarem ativamente por seus interesses nacionais. Entre esses interesses está a promoção agressiva de suas commodities nos mercados internacionais e a expulsão de seus concorrentes, neste caso a Federação Russa, usando a guerra na Ucrânia como pretexto”, disse Lavrov a repórteres à margem da 22ª reunião do clube de discussão internacional Valdai.
Segundo o chanceler russo, Nova Déli já reagiu aos apelos de Washington e deixou claro que não pretende abrir mão do petróleo russo. “Eles partem do princípio de que, se os Estados Unidos querem vender algo para a Índia, incluindo petróleo, então a Índia está pronta para discutir os termos. Mas a forma de negociar com outros países, como a Rússia, é uma questão de relações russo-indianas”, afirmou.
O ministro citou ainda declarações do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e do chanceler Subrahmanyam Jaishankar, que reforçaram a posição de manter os vínculos com Moscou. “Acredito que esta posição reflete o interesse nacional e a dignidade nacional dos nossos amigos indianos”, acrescentou Lavrov.
Resistência indiana e tarifas de Washington
As críticas de Lavrov ocorrem em meio à escalada da pressão comercial dos EUA sobre Nova Déli. Em agosto, o presidente Donald Trump elevou tarifas de importação contra produtos indianos, de 25% para 50%, em retaliação à continuidade das compras indianas de petróleo russo.
O Kremlin classificou a medida como “pressão comercial ilegal” e defendeu o direito da Índia de manter uma política externa independente.
À época, o governo russo elogiou a postura indiana. “Valorizamos o fato de Nova Déli não ter cedido à pressão e mantido seu compromisso com os princípios do livre comércio”, disse Lavrov em referência às tarifas impostas por Washington.
Parceria entre os países
A resistência indiana à pressão norte-americana tem sido acompanhada por uma intensificação da parceria com a Rússia. Na última semana, durante um evento na Índia, Modi descreveu a relação bilateral como uma “parceria testada pelo tempo” e destacou projetos conjuntos na área de defesa, como a produção dos rifles AK-203 e dos mísseis supersônicos BrahMos.
Em agosto, o premiê indiano esteve na China para a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), onde posou ao lado de Vladimir Putin e Xi Jinping em um gesto de aproximação estratégica. Moscou, Pequim e Nova Déli buscam alinhar posições frente ao que classificam como políticas de hegemonismo e protecionismo dos EUA.