Decisão foi publicada nesta terça-feira (7) pelo presidente do TJ, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia, após Câmara entrar com recurso. Na sexta (3), juíza tinha apontado irregularidades no processo e determinado anulação da segunda votação
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Caixas de tratamento de água da Sabesp no estado de São Paulo. — Foto: Divulgação/Sabesp
Por Lívia Machado, Léo Arcoverde, g1 SP e TV Globo — São Paulo
O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia, acolheu o recurso apresentado pela Câmara Municipal e derrubou, na tarde desta terça-feira (7), a liminar que havia suspendido a aprovação da privatização da Sabesp na capital.
Na decisão, o desembargador defende que por se tratar de uma lei aprovada, a anulação só poderia ser feita por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.
“Justifica-se a suspensão da medida impugnada, para que não se empregue para controle de constitucionalidade concentrado, que só se pode fazer mediante ação direta.”
A proposta foi aprovada em segunda votação pela Câmara na quinta (2). O texto recebeu 37 votos favoráveis e 17 contrários e foi sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) na sequência.
Na sexta (3), porém, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima apontou diversasirregularidades no processo e anulou a segunda votação, suspendendo a aprovação do PL.
Na ocasião, a magistrada sustentou a decisão publicada no dia 24 de abril,que determinava que a votação só poderia ocorrer “após a realização de todas as audiências públicas, bem como estudos necessários”.
A presidência da Casa contestou o argumento, disse que realizou todas as audiências e apresentou os estudos.
PT e PSOL criticam a nova decisão e afirmam que farão uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.
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Placar da segunda votação da Câmara Municipal de SP sobre a privatização da Sabesp — Foto: Reprodução
Imbróglio jurídico
A ação foi movida pelas bancadas do PT e do PSOL. A Defensoria e o MP se manifestaram favoravelmente no processo.
A decisão da juíza Celina Kiyomi Toyoshima condicionava a realização da segunda votação à realização “de todas as audiências públicas já agendadas e de outras, se forem necessárias, submetendo a todos os interessados acesso amplo ao projeto substitutivo, suas informações e o devido estudo de impacto Orçamentário”.
Segundo a Câmara Municipal, o laudo de impacto orçamentário – de quatro páginas – foi enviado pelo secretário da Casa Civil, Fabrício Cobra Arbex, ao presidente da Casa, no dia 26 de abril, e peticionado no processo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/Y/F/Rn1hrnRMO0GjF1rWbxuA/esc20240502018.jpg)
Presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil) — Foto: Estadão Conteúdo/Bruno Escolastico
Para a Defensoria Pública, a tutela de urgência foi descumprida, já que não houve ampla participação pública nas audiências.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também se manifestou dizendo que a decisão do TJSP significava que a votação do projeto estava suspensa até a apresentação do laudo de estudo de impacto orçamentário.
Para o órgão, a implementação da privatização de forma apressada “sem maiores estudos e análises pode vir de encontro ao interesse público, porquanto tal proposta de lei pode, em tese, causar lesão ao erário, além de não assegurar à coletividade o direito ao controle social sobre a questão”.
Outras denúncias
Na semana passada, o arquiteto e ex-vereador Nabil Bonduki e o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) entraram com uma queixa-crime contra a Câmara Municipal.
A queixa-crime aponta que o estudo de impacto orçamentário, elaborado pela gestão municipal, não esclarece os questionamentos do judiciário nem informa a metodologia aplicada.
Também foi solicitada abertura de investigação criminal para apuração dos fatos e oitiva dos responsáveis pelo descumprimento da ordem judicial.