De olho na decisão sobre o futuro político do ex-presidente, lideranças locais e regionais se articulam para lançar candidatos a cargos majoritários. O governador Rodrigo Rollemberg é o único nome confirmado na disputa
O ano eleitoral começou com o reaquecimento das movimentações políticas pelos cargos majoritários do Distrito Federal. O alinhamento de estratégias é tema de quase todas as conversas do meio, independentemente do histórico ideológico dos pré-candidatos: todos conversam com todos. A expectativa é de que a corrida se afunile em meados de abril, época em que as costuras pelos presidenciáveis devem estar desenhadas e a quatro meses do prazo final para o registro de candidaturas. Neste mês, será dado um passo decisivo, começa a ser definido neste mês, com o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá — o marco dividirá águas nas disputas local e nacional.
Alguns players tendem a definir as regras do jogo na capital federal. Entre eles está o senador Cristovam Buarque (PPS), que concorrerá à reeleição ou ao Palácio do Planalto. Com experiência no meio e prestígio no tema educação, o parlamentar é considerado um “puxador de votos” e trabalha em três frentes distintas. Uma das coligações será debatida na primeira quinzena de fevereiro, quando ele comparecerá à reunião de forças de centro-direita, como os deputados federais Alberto Fraga (DEM) e Izalci Lucas (PSDB); o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB); o ex-distrital Alírio Neto (PTB); além do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR).
A composição surpreende, uma vez que Cristovam fez oposição ao governo de José Roberto Arruda, principal nome do PR. “O importante é mostrarmos para a população que deixaríamos antigas divergências de lado para fazer uma aliança por Brasília. Não há problema em unir antigos azuis e vermelhos, desde que seja por uma chapa programática. Ainda assim, não há nada definido”, destaca o senador.
Outra possibilidade é a de Cristovam compor uma frente com o PSD, do deputado federal Rogério Rosso; com o Podemos, da ex-distrital Eliana Pedrosa; e com o PRB, do empresário Wanderley Tavares — uma união dos dois grupos também é vista com bons olhos pelos integrantes de ambos. A terceira vertente de articulação é de uma chapa majoritária com o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e Frejat.
A movimentação, contudo, aguarda a decisão do próprio Frejat, que desponta como principal nome ao Palácio do Buriti em pesquisas de opinião. Apesar da boa colocação, o ex-secretário de Saúde não bateu o martelo sobre a candidatura: Executivo local ou Senado. “Frejat só não será candidato se não quiser. As pesquisas mostram que ele tem total condição de vencer”, aponta o presidente regional do PR, José Salvador Bispo de Oliveira.
De volta
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afastar, em dezembro, a pena de inelegibilidade de Filippelli em um processo por abuso de poder político, o peemedebista, que antes costurava apenas pela candidatura a deputado federal, voltou aos holofotes. Dessa forma, ficaram em segundo plano as articulações por um cargo na chapa majoritária para o ex-presidente da Ordem dos Advogados (OAB) no DF Ibaneis Rocha.
O ex-vice-governador admite conversas com vários partidos para a formação de uma coligação de centro-direita com força suficiente para derrotar Rollemberg em outubro. “Temos conversas envolvendo todos os grupos possíveis. O que esperamos é formar uma frente forte para as eleições. Qualquer coalizão é possível. O importante é fazer um esforço conjunto”, defende.
Presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle articula em duas frentes. A primeira delas, ao lado da Rede, do pré-candidato ao Senado Chico Leite, e do PV. Nesse cenário, o pedetista concorreria ao Palácio do Buriti, com o apoio do presidenciável Ciro Gomes. Outra possibilidade é de o parlamentar compor uma chapa com Cristovam Buarque e Frejat. Nesse caso, seria um nome ao Senado ou à Câmara dos Deputados. A movimentação, contudo, depende das definições a nível nacional.
Máquina pública
Em meio às articulações, o principal nome da disputa é o daquele que tem a máquina pública nas mãos: Rodrigo Rollemberg (PSB). Após três anos de austeridade, o governador abriu os cofres para quitação de dívidas, nomeação de servidores e lançamento de concursos. Além disso, intensificou as negociações pela concessão do reajuste salarial à Polícia Civil, imbróglio que se arrasta há mais de um ano.
O grupo político do chefe do Palácio do Buriti, entretanto, depende da definição do posicionamento do PSB a nível nacional. O partido logo deve decidir qual presidenciável apoiará: Ciro Gomes, do PDT; Marina Silva, da Rede; ou Geraldo Alckmin, do PSDB. Há, ainda, a possibilidade de a sigla lançar um nome próprio, como o exministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. Por ora, localmente, Rollemberg costura com o Pros, do deputado federal Ronaldo Fonseca; com o PSDB, da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia; com o PV; e com o Solidariedade.
PT
Principal partido de esquerda, o PT aguarda o julgamento de Lula para definir os próximos passos na capital federal. Em 24 de janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região ( TRF-4) analisará um recurso apresentado pela defesa do petista em relação à condenação em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex no Guarujá. Presidente do diretório regional do partido e deputada federal, Erika Kokay afirma que todos os esforços da legenda estão voltados à campanha presidencial, mas não descarta uma eventual candidatura do PT ao Buriti.
O único nome do partido que desponta para uma eventual candidatura ao Executivo local é o da diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro) Rosilene Corrêa. “Até 31 de março, estão abertas as pré-inscrições do partido aos cargos majoritários. Vamos analisar os nomes e ver o que é possível”, diz Kokay.
Fonte: Correio Braziliense