Edição 2024 tem delegação brasileira majoritariamente feminina, além de ser a primeira a ter igualdade de gênero entre atletas participantes
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Os Jogos Olímpicos de Paris têm dois marcos importantes: pela primeira vez, o Brasil será representado por uma delegação majoritariamente feminina. De 277 atletas representando o país, 153 são mulheres, ou seja, 55% do time. Esse número é oito pontos percentuais maior que nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) estima que as mulheres repitam o que aconteceu nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, e sejam responsáveis por conquistar mais medalhas do que os homens. Além disso, será a primeira Olimpíada a ter igualdade de gênero entre atletas participantes. Das 10.500 vagas, 5.250 foram preenchidas por mulheres e 5.250 por homens.
Segundo Ana Nery Lima, Especialista em Gênero e Inclusão da Plan International Brasil, essa paridade entre gêneros, conquistada ainda que tardiamente em 2024, reforça a importância de olharmos com mais atenção para os direitos de meninas e mulheres e cobrarmos avanços nas políticas e iniciativas voltadas para esse público. “Barreiras como as de gênero, raça e etnia, territorialidade, entre outras, não devem ser um empecilho para que grupos minorizados estejam em ambientes de poder e acessem direitos e oportunidades dignas. Garantir acesso e possibilidades para que meninas e mulheres estejam em todos os espaços que quiserem é de fundamental importância para acelerarmos o relógio da igualdade de gênero e construirmos uma sociedade com mais justiça social.”
Diante desse cenário e com foco em acelerar o relógio da igualdade, o esporte é uma ferramenta importante para trabalhar diversas questões, como o combate ao casamento infantil e a prevenção à gravidez não intencional na adolescência. Dois exemplos práticos são os projetos La League e Líderes da Mudança, em que a Plan através do futebol trabalha vários temas por meio de oficinas educativas, que são também lugares seguros para as meninas falarem sobre suas vidas, relações familiares, e anseios. São espaços de troca muito valiosos e de promoção dos direitos dessas meninas, para que elas conheçam mais sobre isso.
Muitas vezes, esses projetos são desenvolvidos em comunidades rurais ou semiurbanas, onde as famílias vivem da agricultura familiar, com atividades agrícolas, extrativistas e de pecuária. São áreas sem espaços de lazer, em que o dia a dia de uma menina costuma ser ir à escola e ajudar a família com as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças mais novas da família. Nessas comunidades, o futebol é uma das únicas opções de lazer – e geralmente apenas homens e meninos têm acesso aos jogos.
Com base na metodologia Campeãs e Campeões da Mudança, que incentiva o protagonismo de jovens e a conscientização sobre os principais temas de prevenção, o Líderes da Mudança já realizou atividades para turmas em zonas rurais ou semiurbanas do Maranhão, na Região Metropolitana de São Luís, do Piauí, em Teresina, e agora está em São Paulo. As atividades incluem formações sobre prevenção à violências, Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva, papéis e relações de gênero, igualdade de gênero e direitos das meninas, e geralmente ocorrem no contraturno escolar.
Os grupos de adolescentes costumam se encontrar para dialogar e praticar esportes, principalmente o futebol. As atividades são diferentes para meninas e meninos. Para elas, o currículo promove o empoderamento e a prevenção da gravidez na adolescência e do casamento infantil. Para os meninos, o projeto estimula uma cultura de respeito e não-violência e o reconhecimento dos privilégios e custos da masculinidade. O Líderes da Mudança também promove campanhas on-line de sensibilização sobre o tema.
Fonte: Plan.org