domingo, 29/06/25
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Joelmir Beting, o jornalista!


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(*) Nelson Valente

Com plena consciência da dimensão dessa definição, Joelmir Beting gostava de ser identificado como jornalista, porque sempre foi homem de jornal. O ato e a prática de escrever, diariamente, como hábito e dever, além de ler bons autores, era o que aconselhava, principalmente aos principiantes, como o meio mais eficaz para melhorar a qualidade do texto e ingressar na arte de bem dizer. Para ele a primeira regra para dominar a ‘arte de bem dizer’ é ter perfeito conhecimento da gramática, escrever com naturalidade e simplicidade: Joelmir Beting e suas correções: “Certos erros de linguagem que aparecem na mídia impressa, falada, audiovisual, livros didáticos e mesmo na letra de músicas são rápida e inconscientemente assimilados e usados pelo público, que chega mesmo a considerá-los modelos. Frequentemente ouve-se: “a TV diz assim”, “o locutor fala deste modo”, “a letra da música é assim”, “o jornal publicou”, “vi no cartaz, no outdoor” etc. Infelizmente, esta é a realidade em que vivemos, tratando-se da relação público e linguagem dos meios de comunicação de massa.
Diante desta real e preocupante situação, urge fazermos tudo o que está a nosso alcance para preservar a pureza desta língua tão bela e tão sonora, falada há quase um milênio, merecedora, portanto, de ser resguardada das distorções grosseiras a que é submetida, frequentemente, na mídia.
Vejamos alguns exemplos de incorreções colhidas aleatoriamente nos meios de comunicação e que poderiam ser facilmente sanadas:

** “Faz o que eu digo, mas não faça o que eu faço.” (Faze o que eu digo…)

** “Obedeça seu velho. Gaste bem sua mesada.” (Obedeça a seu…)

** “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.” (Dize-me com quem…)

** “A nível de administração.” (Em nível de…)

Os cartazes, os anúncios, a imprensa, a letra de músicas populares refletem o desenvolvimento cultural da sociedade da qual todos fazemos parte. Cabe-nos denunciar o mau uso da língua nessas formas de comunicação, para que seus erros não venham a ser motivo de vergonha para nós.
Entre as incorreções que destoam no uso da língua, são frequentes pequenos descuidos, até perdoáveis, mas há casos de barbarismo contra a pureza da língua nos aspectos sintáticos, regenciais, ortográficos, sem falarmos de troca tão comum de tratamento, como também de organização ilógica de ideias, o que acarreta, frequentemente, ambiguidades e interpretações errôneas de pensamento”.
Joelmir Beting – O jornalista de economia mais influente da história do Brasil é um registro narrativo do profissional e do ser humano que foi Joelmir, apresentando a sua relação com familiares e amigos próximos, além de entrevistas com pessoas que conviveram com ele. Joelmir criou uma marca própria, traduzindo para uma linguagem compreensível ao cidadão comum medidas econômicas anunciadas pelos mais diferentes governos, que sempre soavam como uma incógnita para a maior parte da população, num país em que a economia foi levada aos solavancos por grandes períodos.
Embora tenha se destacado na cobertura da área econômica, Joelmir iniciou sua carreira jornalística como repórter esportivo no “O Esporte” e “Diário Popular”, em 1957, ainda como universitário.
Na mídia impressa, começou pela Folha de S. Paulo, em 1966, sendo responsável, dois anos depois, pelo lançamento da editoria de Economia do jornal. Em 1991, transferiu-se para o Estado de S. Paulo. Durante toda sua carreira profissional, participou, em paralelo, de programas nas Rádios Jovem Pan, Bandeirantes, Excelsior e CBN.
Na TV, teve passagens pelas Rede Bandeirantes, como comentarista e apresentador, em dois períodos, de 2003 até seu falecimento em 2012 e anteriormente, de 1974 a 1985, quando foi contratado pela Rede Globo, onde permaneceu até 2003, fazendo reportagens especiais e comentários. Na estreia da GloboNews, foi um dos apresentadores do Espaço Aberto. Sua estreia na mídia eletrônica foi na TV Gazeta e posteriormente na Rede Record.
Joelmir Beting – O jornalista de economia mais influente da história do Brasil foi escrito por Edvaldo Pereira Lima, escritor, jornalista, story coach, professor universitário e palestrante, para quem “a história de um homem é a história de seu tempo. Nesse tempo individual estão refletidas as marcas de uma época, a trajetória de um povo, as vidas que se entrecruzam com a sua”.
Joelmir José Beting é filho de um camponês e de uma empregada doméstica e teve como preceptor o padre Donizetti Tavares de Lima, eclesiástico que, falecido em 1961, encontra-se em processo de beatificação. Foi a partir do conselho do padre que Joelmir Beting resolveu estudar na Universidade de São Paulo, em 1957. Assim que chegou à capital, trabalhou como repórter, redator e comentarista de jornalismo esportivo na Rádio Pan-Americana (atual Jovem Pan) e nos jornais O Esporte e Diário Popular, acompanhando o time do Santos, do qual Pelé era a estrela.
Em 1961, ajudou a cunhar um termo que entraria para a história do futebol, após presenciar um gol extraordinário de Pelé, num jogo entre os times do Santos e do Fluminense. “Eu saí do Maracanã pensando em mandar fazer uma placa com o registro, uma homenagem do jornal O Esporte. Eles toparam a ideia, e eu mesmo fui à Praça da Sé, em São Paulo, e encomendei a placa de bronze”, comenta o jornalista. No domingo seguinte, quando a peça foi inaugurada por Pelé, nasceu a expressão “gol de placa”. “Por ocasião dos 40 anos daquele gol, Pelé me devolveu a placa com outra, dizendo: ‘Homenagem do autor do gol de placa ao autor da placa do gol”, lembra.
Joelmir Beting formou-se em Ciências Sociais pela USP, onde também concluiu seu mestrado sobre a indústria automobilística. Em 1966, assumiu a editoria de Economia da Folha de S. Paulo, onde permaneceu como editor até 1974. Em janeiro de 1970, lançou uma coluna diária sobre economia, que seria publicada durante 34 anos. Em 1979, o jornal O Globo também passou a publicá-la. “O fato de O Globo publicar, abriu o mercado para a coluna. Em seis meses, já tinham 15 jornais publicando. Como comentarista esportivo, Joelmir Beting passou ainda pelas redes Gazeta e Record. Em 1975, deu início a sua carreira no telejornalismo, ao assumir a ancoragem do telejornal da Bandeirantes, onde permaneceu por dez anos.
Joelmir Beting estreou na Globo em agosto de 1985. Na ocasião, comentou no Fantástico a queda do então ministro da Fazenda, Francisco Dornelles. “Era um domingo, e a Globo me chamou para explicar no Fantástico por que Dornelles havia saído, quem era Dílson Funaro (ministro que o sucedeu) e o que poderia acontecer a partir do projeto Muda Brasil”, recorda.
Em seguida, teve seus comentários levados ao ar no Jornal Nacional, uma novidade. “A minha ida fez parte de um projeto de inserir o comentarista no Jornal Nacional. Eu era presença diária”, completa. Na época, o jornalista dividia a função com outros comentaristas, como Paulo Henrique Amorim e Alexandre Garcia. Joelmir Beting também fazia comentários pré-gravados para o Jornal da Globo.
Em 1986, cobriu as eleições para governador, ancorando os debates das principais capitais. “No debate de São Paulo, tive de fazer uma intervenção muito forte. Eles rasgaram o regulamento. E houve uma briga entre os candidatos: Antônio Ermírio de Moraes querendo esganar Orestes Quércia, que estava aliado ao Paulo Maluf, e Eduardo Suplicy querendo apartá-los. E eu era âncora”, relembra.
De suas principais coberturas, o jornalista destaca a do Plano Cruzado; das eleições presidenciais de 1989, na qual foi o representante da Globo; a da posse de Fernando Collor e, sobretudo, a da decretação do Plano Collor. “Era uma sexta-feira, dia útil. Às 14h, o Brasil parou. Eu entrava nos intervalos para explicar um plano inexplicável, um grande equívoco até de doutrina acadêmica aplicada à política econômica. Não havia a menor condição de sucesso, sabíamos disso”, comenta. Sua estupefação diante do anúncio do Plano, flagrada ao vivo pelas câmeras da Globo, correu o país e foi estampada na capa do Jornal do Brasil do dia seguinte, com a seguinte legenda: “A cara da nação”.
Em 1966, assumiu a editoria de Economia da Folha de S. Paulo, onde permaneceu como editor até 1974. Em janeiro de 1970, lançou uma coluna diária sobre economia, que seria publicada durante 34 anos. Em 1979, o jornal O Globo também passou a publicá-la. “O fato de O Globo publicar, abriu o mercado para a coluna. Em seis meses, já tinham 15 jornais publicando”, explica o jornalista.
Enquanto a informação econômica vinha ganhando espaço nos noticiários televisivos, Joelmir Beting acompanhou a chegada de Fernando Henrique Cardoso à Presidência e o anúncio do Plano Real, em 1994. Entre os fatos econômicos do final da década de 1990, ele destaca o advento da economia global: “Com a globalização financeira, começamos a importar os problemas dos outros. A crise do México, já em 1995, nos forçou a embarcar na armadilha do câmbio de banda. Depois, veio a crise da Ásia, que fez tombar o grande modelo vitorioso, que precipitou a crise da Rússia, em 1998. O Brasil quase capitulou, e teve de abrir o câmbio para se salvar em 1999”, explica.
Durante toda a década de 1980, trabalhou como comentarista nas rádios Excelsior e CBN. Entre 1996 e 2003, foi um dos apresentadores do semanal Espaço Aberto, no canal GloboNews. Na Globo, o jornalista também participou do Globo Repórter, do Globo Rural e do Antena Paulista.
Com mais de 30 anos de carreira no telejornalismo, Joelmir Beting apontou uma importante inovação na cobertura das eleições presidenciais de 2002: “Houve, realmente, uma grande contribuição da TV Globo, em especial do Jornal Nacional: foi uma inovação ter uma bancada aberta, democrática, transparente para debates tópicos, pontuais, e populares, na linguagem de povo. Foi um serviço inclusive cívico.”
Em julho de 2003, Joelmir Beting deixou a Globo. Desde 2004, passou a exercer a função de editor e comentarista econômico do Jornal da Band, além de participar dos telejornais Três Tempos, Gente, Primeiro Jornal e Jornal da Noite. Participa, ainda, de programas nos canais a cabo BandSports e BandNews.
Em 2012, Joelmir Beting recebeu pela quarta vez o Prêmio Comunique-se, como melhor jornalista de Economia na mídia eletrônica. Já havia recebido os prêmios de melhor analista econômico na TV e na mídia eletrônica em 2004, 2006 e 2009. Em 2001, venceu a primeira edição do Grande Prêmio Instituto Ayrton Senna de Jornalismo.
Joelmir Beting – O jornalista de economia mais influente da história do Brasil é um registro narrativo do profissional e do ser humano que foi Joelmir, apresentando a sua relação com familiares e amigos próximos, além de entrevistas com pessoas que conviveram com ele. Traduzir o “dialeto” economês para o português é um talento que poucos têm, mas foi exatamente por essa habilidade que o jornalista Joelmir Beting ficou conhecido no País. Antes mesmo do termo multimídia ser moda, Joelmir atuou no rádio, na TV e em jornais, incluindo o Estadão. Ele também era sociólogo formado pela USP, da mesma turma de nomes como Ruth Cardoso e Francisco Weffort.

Gabriel, de apenas 11 anos, filho de Mauro Beting, emociona a todos ao escrever uma carta para “nonna” Lucila sobre o “nonno” Joelmir Beting em 05 de dezembro de 2012.

Divulgação

Gabriel Beting (neto de Joelmir Beting), jornalista do Grupo Bandeirantes/Rádio e TV – afirma> “No mundo midiático, digital, instantâneo, a informação é cada vez mais estilizada, pasteurizada, e os fatos recortados da realidade sem nexo, sem contexto, sem passado, sem história, sem memória, numa destruição clara da temporalidade, como se o mundo fosse um eterno videoclipe. Dessa forma, mais confunde do que esclarece e mais deforma do que forma”.

(*) é professor universitário, jornalista e escritor

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