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Mirtzi – Atualmente, a insensibilidade e a deselegância, saíram de um esconderijo e muitos adeptos têm se revelado.
Eles estão em toda parte e se mostram quando menos esperamos, dos menores aos maiores gestos, comportamentos e hábitos.
Existe gente que marca consulta, desiste e não desmarca.
Outros querem furar a fila: do pão, do banco, do transporte, da vida.
Pegam carona na ideia de outros, não dão os devidos créditos e ainda fazem de conta que a ideia é deles. Esses não admiram, ao contrário, invejam. Usurpam o que é do outro. E estão dispostos a desqualificar outras pessoas para se acharem a última bolacha do pacote, supremacistas, alguns acometidos da síndrome narcisista. Só faltam se afogar no lago admirando a si mesmos e desconsiderando todos os demais mortais.
Há também aqueles que recebem atenção, cuidados e deferência e respondem com arrogância ou até menosprezo. Muitas vezes, silentes, como se o gesto gentil não tivesse importância. Tem ainda aqueles que são indiferentes ao receberem um presente: nem comentam e nem agradecem. É como se quisessem demonstrar que os outros lhe devem ou têm obrigação de lhe paparicar.
A deseducação anda arregimentando muitos indivíduos nesses tempos sombrios.
No ônibus, no metrô ou no trem, não oferecem acentos a idosos, grávidas ou mães com filhos ainda de colo. Se possuem veículo, estacionam fechando garagens ou vagas de estacionamento, colocando o carro perpendicularmente ao local das vagas. Já vi diversas vezes gente fechar acesso a três vagas de garagem ao mesmo tempo, por colocar seu veículo “rapidinho” de frente a lojas ou calçadas rebaixadas que funcionam para estacionar corretamente.
As coisas inadmissíveis que alguns fazem no trânsito são inúmeras, pelo simples descumprimento de regras básicas, apenas para não fazer a manobra adequada, mesmo atrapalhando outros motoristas e pedestres.
Não, eles ou elas preferem transgredir, ao invés de fazer o certo.
Não esboçam um sorriso ou um bom dia. Não interrompem alguém antecedido de um pedido de desculpas ou um com licença.
Alguns dizem que os franceses são chatos, e são, se forem abordados sem um bom dia e um por favor ou desculpas. Eles fecham o senho mesmo! É inadmissível abordar alguém lá, sem o uso dessas palavrinhas mágicas!
Já virou piada, com dizeres em cafés, assim:
“Um café!”
Un café! – €$ 7,00
“Um café, por favor!”
Un café s’il vous plaît! – €$ 4,50
“Bom dia. Com licença, por favor, um café.”
“Bonjour. Excusez-moi, s’il vous plaît, un café.” – €$ 1,00
Quando se aprende inglês no colégio ou em centro de idiomas, se sabe que interromper outro para perguntar qualquer coisa, isso é precedido de um “escuse me”, ao terminar: “thank you”.
“Good morning. Excuse me, a coffee please!
“Bom dia. Com licença. Um café, por favor.”
Então, por que muitos brasileiros hoje em dia demonstram tanta insensibilidade e deselegância no comportamento com o outro ou os outros?
Até mesmo dentro de seus lares, muitas vezes o tratamento não é dos melhores.
Isso nos dá o que pensar nesses tempos pavorosos e egoístas.
O que fazer para transformar esse status quo?
(Publicado no Sky Culture Magazine-Facebook)