Resultado é fundamental para que Macron possa aplicar seu programa reformista de cunho liberal, como o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.
O presidente Emmanuel Macron, da França deve perder a maioria absoluta na Assembleia Nacional e, assim, para governar, vai ter que negociar com partidos que não são de sua coalizão, apontam as primeiras projeções da votação para o Legislativo no país neste domingo (19).
Os franceses votaram para decidir se iriam facilitar o segundo mandato do presidente centrista com uma nova maioria absoluta de deputados, ao final de vários meses de maratona eleitoral.
No total, 48,7 milhões de franceses estavam habilitados a votar, mas é muito provável que a abstenção tenha ultrapassado os 50%, como no primeiro turno.
O resultado do segundo turno das eleições legislativas era fundamental para que Macron, reeleito em 24 de abril por mais cinco anos, pudesse aplicar seu programa reformista de cunho liberal, como o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.
A bancada da Nova União Popular, Ecológica e Social (Nupes), a primeira frente de esquerda em 25 anos, que reúne a esquerda radical, ambientalistas, comunistas e socialistas, deve crescer sua presença no Legislativo. Seu líder é o político veterano Jean-Luc Mélenchon.
A esquerda colocou as eleições como um “terceiro turno” da eleição presidencial, considerando que os franceses votaram no centrista para impedir que sua rival de extrema-direita Marine Le Pen chegasse ao poder, e não por suas ideias.
Seu objetivo é tirar a maioria de Macron e forçá-lo a nomear Mélenchon como primeiro-ministro. A Nupes busca assim interromper o programa do presidente e aplicar o seu próprio, como o aumento do salário mínimo para 1.500 euros líquidos por mês.
‘Maioria sólida’
A votação deste domingo encerra um ciclo eleitoral crucial para o rumo da França nos próximos cinco anos. A próxima eleição será para o Parlamento Europeu em 2024.
A chegada do centrista Macron em 2017 abalou o conselho político francês, que agora está dividido em três blocos principais – esquerda radical, centro e extrema direita – deixando de lado os partidos tradicionais do governo.
Após o desastre na eleição presidencial, o Partido Socialista (PS) decidiu se juntar à frente liderada por Mélenchon, apesar do descontentamento de seus ex-líderes, e os republicanos, enfraquecidos, esperam ser a chave para formar maiorias com Macron no Parlamento.
O partido de extrema-direita de Le Pen já avançou em seu desejo de se opor firmemente ao presidente e, para isso, conseguiu formar sua própria bancada parlamentar pela primeira vez desde 1986, segundo as pesquisas.
Embora a negociação seja comum na maior parte das democracias na ausência de uma maioria estável no Parlamento, a adoção de leis se tornaria uma dor de cabeça para o partido no poder na França.
Na reta final da campanha, a aliança de Macron alertou para o caos que seria governar com maioria simples e, sobretudo, para o “perigo” da chegada da frente de esquerda ao poder. (G1)