País de 1,3 bilhão de habitantes sofre uma grande 2ª onda de infecções e enfrenta hospitais lotados em meio a celebrações religiosas. Capital Nova Délhi anunciou toque de recolher no fim de semana.
A Índia registrou um recorde de 200 mil novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas e passou de 14 milhões de infectados, apontam dados oficiais divulgados nesta quinta-feira (15).
O país de 1,3 bilhão de habitantes sofre uma grande segunda onda de infecções e se tornou o segundo do mundo a confirmar mais de 200 mil casos em um único dia. A Índia vive período de festivais religiosos, com desrespeito às medidas para combater a pandemia mesmo com hospitais lotados.
O recorde absoluto de casos em 24 horas ainda é dos Estados Unidos, que teve mais de 300 mil registrados em 2 de janeiro. O recorde de infectados do Brasil é de 97,5 mil novos casos em 24 horas, que foram registrados em 25 de março.
O país registrou mais de 1,15 milhão de infectados nos últimos sete dias, passou o Brasil em casos confirmados na segunda-feira (12) e agora está atrás apenas dos EUA (31,4 milhões).
A Índia teve também 1.038 mortes em 24 horas, o maior patamar desde outubro, e é o quarto em número de vítimas do coronavírus (175 mil), atrás de EUA (564 mil), Brasil (361 mil) e México (210 mil).https://4bfbda15641bade9377bcde9e9c3a96a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Medidas de restrição
Em meio à escalada de casos, a capital Nova Délhi impôs um toque de recolher no fim de semana. Shopping, academias, restaurantes e alguns mercados fecharão e apenas serviços essenciais poderão funcionar.
Mumbai, capital financeira do país, já tem adotado diversas medidas de restrição. A cidade fica no maior estado do país, Maharashtra, que é o epicentro da segunda onda e iniciou um lockdown à meia-noite.
No final de janeiro e começo de fevereiro, a Índia estava registrando menos de 10 mil infectados por dia. O governo indiano culpa o desrespeito ao distanciamento social e o não uso de máscaras como causas para o surto. Médicos e especialistas apontam também a complacência do governo e novas variantes do coronavírus pela escalada de casos.
O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem se recusado a adotar um lockdown nacional, depois que o primeiro, adotado no ano passado, teve um forte impacto econômico.
Apesar da situação, centenas de milhares de hindus têm se reunido para se banhar no Rio Ganges devido ao festival Kumbh Mela, que dura semanas, e celebrações religiosas têm contribuído para piorar a pandemia.
Hospitais lotados
Hospitais em todo o país estão ficando lotados de pacientes. Há escassez de oxigênio, essencial para combater as dificuldades respiratórias causadas pela Covid-19, em lugares como Gujarat, o estado natal do primeiro-ministro indiano.
“Se essas condições persistirem, o número de mortos aumentará”, escreveu o chefe de um corpo médico na cidade industrial de Ahmedabad em uma carta a Narendra Modi.
O governo indiano disse que aumentou a produção de oxigênio hospitalar. “Com o aumento da produção e os estoques excedentes disponíveis, a disponibilidade atual é suficiente”, disse o Ministério da Saúde em um comunicado.
“A situação é horrível”, diz Avinash Gawande, funcionário de um hospital na cidade industrial de Nagpur enquanto tenta lidar com uma enxurrada de pacientes. “Somos um hospital com 900 leitos, mas há cerca de 60 pacientes esperando e não temos espaço para eles”.
“Este vírus é mais infeccioso e virulento”, afirma a médica Dhiren Gupta, do Hospital Sir Ganga Ram. “Temos pacientes de 35 anos com pneumonia em tratamento intensivo, o que não acontecia no ano passado. A situação é caótica”.
Vacinação contra Covid
O recorde de casos ocorre em meio à aceleração da vacinação no país. A Índia é o maior produtor mundial de vacinas e iniciou em janeiro sua campanha de imunização, que demorou a engrenar.
Mas o país passou a restringir a exportação de vacinas contra a Covid-19 para aumentar a sua velocidade de vacinação, o que tem mostrado resultado.
A Índia é o terceiro país que mais aplicou doses até o momento (111 milhões), atrás apenas de EUA (192 milhões) e China (175 milhões), segundo o Our World in Data, projeto ligado à Universidade de Oxford.
O país é o segundo em vacinas aplicadas por dia (média de 3,44 milhões na última semana), atrás de China (4,24 milhões) e à frente dos EUA (3,38 milhões). Até fevereiro, a média diária era inferior a 500 mil.
Mas há relatos de falta de doses em vários estados, incluindo Maharashtra, e centros de vacinação têm fechado mais cedo e recusam pessoas à medida que os imunizantes acabam.
E o país ainda tem uma vacinação proporcional à população ainda pequena (8,06 doses a cada 100 habitantes), número muito inferior ao dos EUA (57,49) e menor que o da média mundial (10,59) e até da China (12,20), país mais populoso do mundo.
Por G1*