Governo brasileiro lança hoje plano para reduzir a dependência do setor por fornecedores externos
Luis Eduardo Rangel, diretor de Programa do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), disse que o Brasil não ficará desabastecido de fertilizantes neste ano. A fala ocorreu na quinta-feira 10, durante uma audiência na Comissão de Agricultura do Senado sobre o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que será lançado nesta sexta-feira, 11.
“Os fluxos de importação vêm seguindo mais ou menos as variações que nos permitiam dizer que a gente vinha sendo abastecido nos anos anteriores”, disse Rangel aos parlamentares. “Mas a situação de fato não é boa. A gente precisa de atenção de fato com essas interrupções.” E completou: “A palavra de tranquilidade que o Ministério da Agricultura pode dizer é que, acompanhando o cenário e ele se mantendo na forma que está, nós chegaremos sim à campanha [safra 2022/23] com fertilizantes”.
As importações vindas da Rússia, um dos maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil, não foram interrompidas, afirmou Alex Giacomelli, diretor de Promoção de Energia, Recursos Minerais e Infraestrutura do Itamaraty. Contudo, o diplomata ressalvou que existe um monitoramento diário do setor.
“Segundo o que foi possível apurar, apesar das dificuldades, não há impeditivos absolutos ao comércio de fertilizantes da Rússia”, afirmou Giacomelli. “Agora é importante fazer sempre a ressalva de que essa é uma situação que pode mudar a qualquer momento. A situação é muito dinâmica, por isso que nós temos a preocupação de acompanhá-la diuturnamente”.
Plano Nacional de Fertilizantes
Rangel disse ao senadores que o objetivo da proposta é reduzir a dependência brasileira do mercado externo de fertilizantes para 55% em 30 anos. Atualmente, o nível é de 85%.
“O grande objetivo é sair desses 85% de média para por volta de 55% em 2050”, afirmou Rangel. Ele argumentou que a proporção não é “pouco” e destacou que “os países que trabalham com isso no mundo tem importação [de fertilizantes] como um fator natural e tem por volta de 40% a 60% de autonomia para poder produzir”.
Bruno Caligaris, diretor de Projetos Estratégicos da Presidência da República, disse que os objetivos traçados no PNF também têm como base as projeções de aumento da demanda pelo insumo. “O que a gente demanda hoje não é o que a gente vai demandar em 2050”, explicou. “Isso interfere e muito no nosso planejamento.”