Ao ser atacado, o petista Marcelo Arruda caiu no chão e foi alvo de disparos, mas conseguiu reagir e atirar contra o agressor
A tragédia ocorreu na festa de 50 anos de Marcelo Arruda, candidato a vice-prefeito nas últimas eleições, na noite de sábado (9/7). A festa tinha como tema o PT e fazia várias referências ao ex-presidente e pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo relatos, por volta das 23h, Jorge José da Rocha Guaranho, que se declara apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), invadiu a festa e atirou em Marcelo, que revidou. A confraternização era promovida na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física Itaipu (Aresfi). A festa tinha poucos convidados — cerca de 40 pessoas.
Inicialmente, a Polícia Civil informou que Jorge José da Rocha Guaranho tinha morrido após Marcelo revidar. Contudo, às 16h40, em coletiva de imprensa, a delegada Iane Cardoso informou que a polícia errou: o agressor estava vivo e foi levado ao hospital. Até a última atualização desta reportagem, ele estava internado.
Veja imagens da festa de aniversário de Marcelo Arruda:
Jorge corre em direção à saída, mas cai dentro do salão. Em seguida, uma pessoa se aproxima dele e começa a chutá-lo na cabeça. Jorge permanece imóvel. Do outro lado do salão, Marcelo se contorce enquanto pessoas se aproximam.
Veja:
Como o crime aconteceu?
Segundo relatos de testemunhas e registro de câmera de segurança, Guaranho apareceu no local da festa pela primeira vez por volta das 23 horas. Ele estava de carro, acompanhado de uma mulher e um bebê.
O policial penal, então, de dentro do veículo, teria apontado sua arma para fora enquanto gritava palavras de apoio a Bolsonaro e ameaçava o aniversariante e seus convidados.
A mulher que acompanhava Guaranho, segundo relatos, teria pedido para ele parar e ir embora. Depois disso, o atirador chegou a dizer que voltaria e mataria “todos vocês, seus desgraçados”. Ela tentou impedir os tiros, mas não conseguiu
O aniversariante, ao identificar a ameaça, pegou a própria arma. “O Marcelo falou assim: ‘se esse maluco volta, eu vou pegar minha arma'”, relatou uma testemunha.
Cerca de quinze minutos depois, Guaranho retornou ao local, sozinho, e deu início aos disparos ainda do lado de seu carro.
Atendimento médico
A Secretária de Segurança Pública do Paraná informou, no fim da tarde de domingo, que Jorge Guaranho recebeu atendimento médico e que está internado em estado grave, mas estável.
Horas antes, a Polícia Civil do Estado divulgou que o agente penitenciário havia morrido, mas pouco depois voltou atrás.
Repercussão
Políticos e autoridades comentaram no último domingo (10) o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR). Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante), e outros pré-candidatos à Presidência da República falaram sobre o crime.
Família
Marcelo Arruda era casado e pai de quatro filhos, entre eles um bebê de 1 mês. Era guarda municipal havia 28 anos, diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi) e tesoureiro do PT local. Nas eleições de 2020, saiu candidato a vice-prefeito de Foz pelo Partido dos Trabalhadores.
A Polícia Civil está investigando o assassinato. Uma das primeiras medidas foi requisitar as imagens das câmeras de monitoramento para a diretoria da Aresfi, que se comprometeu a entregá-las. As armas foram encaminhadas para perícia.
Em nota, o PT nacional lamentou a morte de Marcelo Arruda.
“Cobramos das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário”, diz a nota.
“Marcelo, não esqueceremos de você, em sua memória continuaremos na luta contra a violência, a injustiça e a intolerância. Presente, hoje e sempre!”, conclui a nota assinada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).