O governador Ibaneis Rocha (MDB) reuniu deputados distritais e federais da base, para apresentar dados e alinhar respostas sobre a pandemia
Em reunião realizada na manhã desta sexta-feira (12/3) com deputados distritais e federais que compõem a base de apoio ao GDF, o governador Ibaneis Rocha (MDB) e alguns de seus secretários traçaram o cenário atualizado da pandemia da Covid-19. Os gestores também anunciaram medidas emergenciais que estão em curso, na tentativa de conter o estado de calamidade sanitária no DF.
Saiba quais foram os principais pontos do diagnóstico feito pelo governo sobre a Covid no DF:
- Circulam no DF quatro novas cepas da Covid-19 consideradas mais agressivas;
- O ritmo de implantação das UTIs não acompanhou a taxa de transmissão do vírus – que era de 0,95%, foi a 1,25% e agora está em 1,20%. O índice ainda é considerado muito alto;
- Soma-se à necessidade de construção de novos leitos a urgência de recursos humanos para lidar com os pacientes. Não adianta ter a estrutura física e não dispor dos profissionais de saúde;
- O perfil dos novos contaminados mudou ultimamente. São pessoas com boa renda, que têm condições de viajar e acabaram circulando muito nos feriados de fim de ano e Carnaval;
- O sistema de saúde do DF enfrenta a pressão por atendimento dos pacientes de outros estados, com percentual que chega a 18% dos casos.
Agora, veja o que foi falado em termos de ações emergentes de combate à pandemia:
- Serão construídas, nas próximas semanas, cinco novas unidades hospitalares no DF;
- Aproximadamente 800 profissionais serão impactados com a medida de ampliação da jornada de trabalho de 20 para 40 horas semanais. Também haverá chamamento para que servidores aposentados da saúde voltem à ativa, por meio de um sistema de adesão;
- Serão abertas estruturas acopladas, por exemplo, ao Hospital de Samambaia. Nesse caso, o BRB vai financiar o projeto da construção de 73 leitos;
- Serão convocados, a partir de segunda-feira, 180 aprovados de concursos da Secretaria de Desenvolvimento Social, da Secretaria de Justiça e Cidadania, e da Secretaria da Mulher;
- O governo reservou recursos para a compra de vacinas diretamente dos laboratórios, a partir do momento em que houver a disponibilidade para a venda. A previsão é que, somente depois de cumprido o acerto com o governo federal, essas doses serão ofertadas no mercado – o que só deve ocorrer a partir de setembro;
- Demais grupos e faixas etárias começam a ser vacinados a partir da semana que vem, com a expectativa de que o governo federal envie ao DF 40 mil novas doses;
- Medidas mais notáveis do afrouxamento das regras de restrição só devem ser tomadas em 20 dias, prazo em que o governo estima a abertura de 300 novos leitos no DF;
- O GDF vai sancionar lei aprovada na Câmara Legislativa do DF (CLDF) para que unidades de saúde recebam recursos de modo descentralizado a partir de um programa semelhante ao que já existe de envio de dinheiro diretamente para as escolas. Essa verba é proveniente de emendas dos distritais e terá prioridade de liberação por meio do governo;
- Os deputados cobraram a divulgação, a partir da próxima semana, do programa que libera crédito para pessoas que têm restrição no mercado.
Veja agora algumas das declarações do deputados que participaram da reunião. Ao todo, estavam presentes 13 distritais e três deputados federais:
Rafael Prudente (MDB): “O governador colocou na pauta todas as ações que estão sendo realizadas, o que está previsto para se inaugurar nas próximas semanas e o porquê das medidas restritivas tomadas até agora. Foi basicamente uma reunião com a base do governo na bancada federal e na CLDF para alinhamento do discurso e combate às fake news”.
Rodrigo Delmasso (Republicanos): “Foi uma reunião de prestação de contas aberta a sugestões dos deputados. Muito oportuno a gente saber, por exemplo, que cada uma das 346 UTIs do DF custam, ao dia, R$ 5.050. Ao longo de um ano, foram gastos R$ 650 milhões apenas para esse custeio. Portanto, 30% do dinheiro do governo federal pagou esse tipo de serviço: uma entre as dezenas de outras necessidades dentro de um contexto de calamidade que vivemos”.
Celina Leão (Progressistas): “Encontro importante para trazer dados sobre a crise e alinhar as respostas às perguntas que muitas vezes a própria sociedade nos faz, por exemplo, sobre a quantidade de leitos. É uma missão nossa comunicar as pessoas. Foi um momento para oferecer sugestões e vários deputados fizeram apontamentos de como melhorar o atendimento e a mão de obra”.
Jorge Vianna (Podemos): “Importante reunião para prestação de informações e de alinhamento entre o governo e os deputados. Nós estamos em contato direto com a população, sabemos o humor dos cidadãos a cada uma das medidas tomadas. É importante que a gente saiba como reagir e explicar as ações emergenciais”.
Claudio Abrantes (PDT): “Pertinente porque nos permite entender o quadro da pandemia e conhecer as expectativas de medidas que serão tomadas. Se estamos alinhados com o discurso do governo, conseguimos fazer uma defesa técnica e consistente de ações fundamentais no enfrentamento da crise”.
2,7 bilhões
A situação na redes de saúde pública e privada é dramática, especialmente em razão da ocupação quase total dos leitos nos hospitais e do crescente número de pacientes na lista de espera por UTI. Pouco após o término da reunião, Ibaneis anunciou abertura, nesta sexta-feira, de 50 novas UTIs exclusivas para pessoas diagnosticadas com a Covid-19.
Segundo o governador, durante o combate ao novo coronavírus, já foram investidos R$ 2,7 bilhões em obras, equipamentos, medicamentos e equipes médicas. Em publicação no Twitter, Ibaneis informou que iniciou as tratativas para a compra de equipamentos para as sete novas UPAs que estão em construção.
“Nos próximos dias, o Iges-DF vai começar o processo de contratação de profissionais para essas UPAs. Hoje também estou nomeando mais 114 profissionais para a Secretaria de Saúde, entre enfermeiros obstetras (49), enfermeiros família e comunidade (15) e fonoaudiólogos (10), e outro”, escreveu.
Ibaneis destacou que, sozinhas, as ações GDF não são suficientes para frear o avanço da Covid-19. “Desde o início da pandemia já contratei 6.500 profissionais, mas repito: dependemos da população para reduzir a taxa de transmissão. A nossa situação é grave. É necessário manter o distanciamento, usar máscaras e higienizar as mãos com álcool em gel ou água e sabão”, frisou. (Metrópoles)