Procedimento de alta complexidade antes do nascimento aumenta chances de recuperação do bebê

Gabriel Henrique ainda nem nasceu e já enfrentou o seu primeiro grande desafio. Diagnosticado com meningomielocele, o bebê passou por uma cirurgia de alta complexidade ainda dentro do útero da mãe para corrigir uma malformação conhecida como espinha bífida. O procedimento durou cerca de quatro horas e ocorreu com êxito, nessa quarta-feira (8), no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Essa foi a oitava cirurgia fetal na unidade.
O pai, Ricardo Henrique Sousa, 37 anos, conta que o diagnóstico foi descoberto após a segunda ecografia, quando a médica identificou uma suspeita de hidrocefalia no feto. “Depois disso, foi aquela correria atrás de neurologista e soubemos de um procedimento feito por um médico aqui no Hmib, com condições parecidas com a do nosso filho”, relembra.
A gestante Liane Cristina Oliveira, 38, também recorda do susto quando recebeu o diagnóstico. “Ficamos sem saber o motivo, o que aconteceu, porque os primeiros exames morfológicos mostravam que tudo estava bem”, conta.
Oitava cirurgia
Desde 2023, o Hmib faz esse tipo de procedimento. Em outubro daquele ano, a pequena Ágatha foi a primeira a passar pela intervenção — uma operação que envolveu equipe multidisciplinar, com especialistas em cirurgia fetal, neurocirurgia e anestesiologistas.
Especialista em medicina fetal e um dos responsáveis pela cirurgia de Gabriel, o médico Marcelo Filippo destaca que, apesar de cada cirurgia ser única, a bagagem de outras operações traz a experiência. “Com a quantidade de procedimentos aumentando, ficamos mais seguros com a técnica”, explica. “O mais impressionante é quando vemos o resultado no bom desenvolvimento dessas crianças. Presenciar a felicidade da família olhando seus bebês saudáveis é muito gratificante”, acrescenta.
Recuperação
A meningomielocele causa limitações motoras e neurológicas desde o útero, com impactos por toda a vida. O nome — espinha bífida — refere-se à parte da coluna do bebê que fica exposta.
Nesse cenário, as chances de recuperação são maiores nos casos em que o procedimento é feito ainda durante a gestação. Os benefícios incluem redução de infecções, danos neurológicos e problemas de mobilidade.
Segundo Filippo, o uso do ácido fólico durante a gestação — ou antes, se há planos de engravidar — pode ser crucial para diminuir o risco do diagnóstico.
Serviço
A cirurgia fetal é um serviço regulado e está disponível para toda a rede pública da Secretaria de Saúde (SES-DF). Por se tratar de um caso de urgência, o tempo de espera é reduzido, pois o sucesso depende da agilidade no diagnóstico e na realização do procedimento.
*Com informações da Secretaria de Saúde