Bem-sucedido, o procedimento tem como objetivo regenerar lesões graves na perna de uma paciente que sofreu acidente de moto
Nesta sexta (11), a equipe do Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá, realizou a primeira cirurgia da unidade de enxerto de células regenerativas e tecido adiposo para recuperar lesões graves. Inédito, o procedimento foi bem-sucedido e durou quase quatro horas. A paciente, de 24 anos, foi operada para melhorar a cicatrização e recuperação da sua perna. Ela sofreu vários traumas após um acidente de moto e estava internada desde setembro na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.
A cirurgia foi feita com equipamentos e kits descartáveis doados pela empresa brasileira DMC e registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O material foi trazido de Goiânia e instalado no HRL. A empresa é responsável pela técnica chamada One Step, que utiliza uma nova tecnologia a laser capaz de retirar do corpo, além do tecido adiposo, células chamadas totipotentes. Elas são conhecidas pelo alto poder regenerativo em tecidos e órgãos lesados, melhorando a velocidade e qualidade do crescimento celular e tecidual.
Essa técnica também apresenta vantagens em termos de facilidade de obtenção, abundância e viabilidade em comparação a outros tipos de células regenerativas adultas, que são retiradas da gordura do próprio paciente. O procedimento é menos invasivo do que quando se removem células da medula óssea. Isso permite que possam ser extraídas, processadas e reinjetadas no organismo para ajudar no processo de recuperação da pele.
Enxerto
O cirurgião responsável pelo procedimento, Ely José de Aguiar, conta que, ao extrair a gordura do abdômen da paciente com o aparelho denominado Medlaser, o material recolhido passou por um processo de centrifugação para separá-lo das células totipotentes. Assim que elas foram enxertadas na ferida, o tecido adiposo formado pela gordura fotoestimulada pelo laser foi colocado logo como enxerto de pele.
“É um marco para o HRL fazer uma cirurgia de ponta com uma tecnologia brasileira”, destaca o médico. “É o que se tem de mais moderno nessa área de reconstrução de feridas complexas, com uma técnica altamente avançada que foi feita em poucos locais do Brasil. No DF, por exemplo, já foi realizada em unidades como o Hospital de Base e na rede privada.”
Em geral, cirurgias desse porte geram inchaços, manchas roxas no corpo e requerem um tempo de recuperação que pode durar até mais de um mês. Contudo, o One Step promete reduzir essas consequências. Com o uso da tecnologia, a expectativa da equipe cirúrgica do HRL é que a paciente se recupere nos próximos cinco dias, caso não tenha nenhuma complicação clínica.
Empenho da equipe
Depois do grave acidente de moto que a paciente sofreu em setembro, ela chegou a correr o risco de ter uma das pernas amputadas. Contudo, segundo o diretor do HRL, João Marcos Meneses, a dedicação da equipe de ortopedia, cirurgia e da UTI do hospital impediu que isso ocorresse.
“Se não fosse o empenho deles, que investiram no cuidado à paciente, ela poderia ter perdido a perna”, conta o gestor. “Com esse procedimento, temos, além da paciente beneficiada, uma técnica bem-aplicada e que será reproduzida para outros médicos, destacando a inovação que se busca no serviço público de excelência”.
Com a cirurgia de enxerto de células totipotentes, é esperada agora a reconstrução do tecido, bem como a recuperação da parte funcional da perna.
JBr/Com Agência Brasília