Segundo testemunhas, suspeito alegou ser policial, comprou álcool em supermercado próximo ao local e disse que ia “meter bala” se grupo não saísse dali. Administração diz que acionou polícia.
Morador de Águas Claras, no Distrito Federal, ateou fogo na barraca de uma pessoa em situação de rua — Foto: Reprodução/TV Globo
Um homem ateou fogo à barraca de moradores de rua, nesta segunda-feira (21), em Águas Claras, no Distrito Federal. Segundo testemunhas, o suspeito comprou álcool em um supermercado próximo ao local e disse que ia “meter bala” se o grupo não saísse do espaço.
Uma moradora fez um vídeo do momento em que a barraca estava em chamas. Nas imagens, ela questionou um dos moradores de rua sobre a situação. “O cara falou que era policial. A gente vai bater em polícia?”, respondeu o homem.
A Polícia Militar do DF afirma que não foi chamada para atender a situação. Já a Administração de Águas Claras disse que, por se tratar de um crime, encaminhou a demanda para os órgãos que podem investigar o caso, como a Polícia Civil.
A administração informou ainda que faz um monitoramento das pessoas em situação de rua e chama a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes) para tentar dar encaminhamento a essa população.
Preconceito social
Uma das testemunhas contou à TV Globo que o homem estava no celular, e disse que estava conversando com a polícia. Um dos donos da barraca perguntou se o homem faria algo com eles e, em resposta, o suspeito disse que queimaria tudo.
A Associação de Moradores de Águas Claras (AMAC) repudiou o ato. O diretor de comunicação da associação, Marcelo Marques, afirmou que, nos últimos meses, houve um aumento considerável no número de pessoas sem-teto na cidade.
“É necessário que sejamos solidários com essas pessoas que estão nas ruas, não porque querem, mas sim por necessidade”, aponta. “E é necessário também cobrarmos do governo ações voltadas para essa população de rua afim de evitar que elas venham sofrer atos de vandalismo.”
Pertences de pessoas em situação de rua após homem atear fogo em barraca em Águas Claras, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), Idamar Borges, o ato se trata de um preconceito social, em virtude de uma discriminação de classe, e configura crime.
“Além de preconceito social, eu poderia dizer que nós estamos diante de um crime de incolumidade pública, que seria atear fogo em via pública, podendo causar risco à vida de transeuntes, inclusive dos próprios moradores de rua”, afirma Borges.
A pena por preconceito social tem pena de um a três anos de reclusão. Já a de incolumidade pública tem pena de três a seis anos.