Adel Bezerra
Foi numa ensolarada manhã de domingo que Ernest Hemingway encontrou-se com a morte, depois de procurá-la incansavelmente por toda vida.
A seguiu até os campos de batalha durante a Primeira Guerra, caçou-a por toda África enquanto atirava em feras com as quais se identificava, procurou-a nos olhos corajosos de homens e bichos nas touradas da Espanha, quis nocauteá-la durante fase de pugilista. Tentou arrancá-la do mar em suas pescas nas águas profundas de Cuba. Com seus arrebatadores quatro casamentos, também tentou morrer de amor.
Nada silenciava sua procura pela morte por vezes confundida com sede de vida. Homem de ação, Hemingway não aguentou a espera.
Ao se levantar naquela manhã, vestiu seu robe de imperador, caminhou devagar até o vestíbulo, olhou demoradamente para os dois canos do seu fuzil de atirar em pombos e o posicionou na própria testa, puxando o gatilho alguns segundos depois.
Às sete da manhã do dia 2 de julho de 1961 ele morria em definitivo, por suas próprias mãos, após uma série de prenúncios, avisos e notícias de falecimento precipitadas.
Por Adel Bezerra – Jornalista