A polícia local está investigando o caso, mas ainda não houve confirmação oficial do ataque
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Neste domingo (30), quando se realizam eleições legislativas em Portugal, hackers afirmaram ter invadido o sistema do Parlamento do país e roubado informações sensíveis. A polícia local está investigando o caso, mas ainda não houve confirmação oficial do ataque.
A ação foi reivindicada pelo Lapsus$ Group, o mesmo grupo que assumiu a autoria de um ataque ao Ministério da Saúde do Brasil e ao aplicativo ConecteSUS em dezembro de 2021, quando as duas plataformas saíram do ar.
O grupo vem acumulando possíveis ataques em Portugal. Em 2 de janeiro, o Lapsus$ reivindicou a responsabilidade por uma grande ofensiva contra o maior conglomerado de mídia em Portugal: a Impresa. Sites ligados à empresa ficaram fora do ar, incluindo as páginas da emissora SIC, líder de audiência na TV aberta portuguesa, e do jornal Expresso, semanário mais lido do país.
Os autores do ataque hacker acessaram o sistema interno da empresa portuguesa, comprometendo a comunicação entre funcionários e a operação de ferramentas usadas para a produção de programas televisivos e conseguiram tirar do ar a Opto, plataforma de streaming.
Em mensagem publicada na internet neste domingo, o Lapsus$ diz ter obtido “conteúdo sensível relacionado ao governo, informações pessoais de políticos, documentos dos partidos políticos, configurações de email e senhas”, além de outros dados.
Os criminosos puseram o produto do suposto ataque à venda.
O meio de pagamento exigido é a criptomoeda Bitcoin. Os hackers também aproveitaram para se gabar de ataques anteriores, incluindo ofensivas “a ministérios do Brasil”.
De acordo com reportagem do jornal Expresso -que faz parte do grupo atacado pelos hackers no início do mês-, o site do Parlamento de Portugal chegou a ficar cinco minutos fora do ar.
A Polícia Judiciária de Portugal está investigando o caso. Ao jornal português Público, uma fonte da corporação afirmou que ainda é cedo para confirmar se houve ataque. “Há a afirmação de que houve um ataque, mas desconhecemos que ele tenha ocorrido e, caso o tenha, quais são a extensão e a modalidade.”
A mesma fonte disse ainda que ataques podem acontecer para reter, vender ou destruir informações, e que será preciso realizar muitas investigações para saber, ao certo, o que aconteceu.
A Assembleia da República não respondeu ao contato feito pela Folha de S.Paulo. À agência de notícias Lusa, João Leal, diretor da área de Comunicação, disse que o Parlamento investiga o eventual ataque hacker, mas que não existe qualquer evidência, por ora, de que ele tenha ocorrido.
O episódio foi divulgado na tarde deste domingo, quando Portugal realiza eleições antecipadas para escolher a nova composição do Parlamento. O pleito foi marcado após a dissolução do Parlamento, em novembro, provocada pela impossibilidade de chegar a um acordo sobre o orçamento nacional para 2022.
A campanha eleitoral terminou com um empate técnico entre os dois maiores partidos, o Partido Socialista, que governa o país desde 2015, o PSD (Partido Social-Democrata), de centro-direita. O socialista António Costa, atual premiê e virtual candidato a permanecer no posto, viu seu favoritismo diminuir progressivamente nas últimas semanas.