No pior dos cenários, o PIB do país teria uma queda de 60%, com o risco de 18 anos de conquistas socioeconômicas serem perdidos
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O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicou, nesta quarta-feira (16/3), estimativas sobre os possíveis impactos socioeconômicos da guerra na Ucrânia. Entre eles, está a previsão de que se o conflito for prolongado 9 em cada 10 ucranianos ficarão abaixo da linha de pobreza.
“As primeiras estimativas sugerem que 90% da população ucraniana poderia enfrentar pobreza e extrema vulnerabilidade econômica caso a guerra se aprofunde, atrasando o país —e a região— décadas e deixando profundas cicatrizes sociais e econômicas para as gerações futuras”, diz o PNUD. A estatística representa mais de 36 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 5,5 (R$ 28,22) por dia.
Segundo o órgão, a guerra na Ucrânia está causando um “sofrimento humano inimaginável”, com as mortes e os deslocamentos daqueles que fogem dos combates. “Embora a necessidade de assistência humanitária imediata aos ucranianos seja da maior importância, os impactos agudos de desenvolvimento de uma guerra prolongada estão agora a tornar-se mais evidentes”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner.
“Um declínio econômico alarmante, e o sofrimento e as dificuldades que trarão a uma população já traumatizada, devem agora ser mais acentuados”, continua Steiner.
A ONU alerta sobre o risco de 18 anos de conquistas socioeconômicas serem perdidos, com quase um terço da população vivendo abaixo do limiar da pobreza e mais 62% em alto risco de cair no mesmo patamar nos próximos doze meses. Na pior das hipóteses observadas, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teria uma queda de 60%.
Estimativas do governo ucraniano apontam que pelo menos US$ 100 bilhões foram destruídos em edifícios, pontes, infraestruturas, escolas, hospitais e outros bens físicos, além da guerra ter provocado o fechamento de metade das empresas e a redução drástica de operação dos outros 50%.
Entretanto, as perdas humanitárias são o fator mais preocupante. Nessa terça-feira (15/3), após 20 dias de conflito, o número de civis mortos chegou a 636, dos quais 97 são crianças.