Opilar liberal do governo Jair Bolsonaro sofreu um forte golpe nesta terça-feira (11/8) com os pedidos de demissão dos até então secretários de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Paulo Uebel. Em entrevista logo após a divulgação da notícia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que os ex-auxiliares estavam insatisfeitos com a paralisação nas reformas liberais prometidas quando eles aceitaram os cargos.
“Salim hoje me disse o seguinte: ‘privatização não está andando, eu prefiro sair’. E o Uebel me disse: ‘a Reforma Administrativa não está sendo enviada‘. Eu prefiro sair. Esse é o fato, a verdade, eu não escondo: hoje houve uma debandada”, disse Guedes na portaria de seu ministério, ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem se reuniu.
“Hoje tivemos conversa a respeito [dos rumos da política econômica]. O fato do secretário Uebel pedir demissão mostra que é um jovem que, olhando para o que está acontecendo, não gostou. Mas quem comanda o timing [tempo, em inglês] das reformas são os políticos. Se o presidente [da República] acha que pode atrapalhar [o cenário político], vai retardar”, disse o ministro da Economia.
“Se não gostou, vire político, seja eleito presidente da República e venha aqui fazer a reforma que quiser”, provocou ainda Paulo Guedes, mostrando que não digeriu ainda a última conversa com os agora ex-assessores.
No superministério da Economia, que juntou a estrutura de pastas como Planejamento além de vários órgãos, os secretários têm muito poder e são chamados, informalmente, de “vice-ministros”.
Nesta terça, então, Guedes perdeu dois de seus vices, numa debandada que não começou agora. Também insatisfeito com o tempo da política, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, entregou no dia 24 de julho último sua carta de demissão.
Apesar de tudo, Guedes prometeu, na mesma entrevista, que a “reação à debandada que aconteceu hoje será acelerar as reformas. Insistir, avançar, destravar os investimentos”, disse.