A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (27/08), com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Receita Federal, a Operação Pavo Real. O objetivo é desmantelar financeiramente uma organização criminosa dedicada à lavagem e ocultação de bens, direitos e valores obtidos por meio do tráfico internacional de drogas, efetivando a prisão de seus líderes e o sequestro dos bens deles.
O principal alvo é o traficante Jarvis Chimenes Pavão. Conhecido como “chefão”, “senhor das drogas” e “pai de todos”, ele tenta dominar o tráfico internacional de drogas na fronteira do país. Matou lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) e iniciou uma guerra sangrenta e cinematográfica contra a facção paulista.
Pavão está preso na Penitenciária Federal de Brasília. Mesmo local em que um dos seus maiores rivais também cumpre pena, o Minotauro, Sérgio de Arruda Quintiliano. Uma das lideranças do PCC, Minotauro é suspeito de mandar matar a família de Pavão. Os crimes foram cometidos com requintes de crueldade.
São cumpridos 21 mandados de prisão (sendo 16 preventivas e cinco temporárias) e 67 mandados de busca e apreensão, nos 3stados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal – todos expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Rondônia.
O órgão é especializado em crimes praticados por organizações criminosas, contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Além disso, cinco pessoas investigadas tiveram as prisões convertidas em domiciliar, em razão de suas idades e por possuírem filhos menores.
Organização criminosa
A partir dos levantamentos realizados pela PF foi identificada a existência de uma organização criminosa voltada para a ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas. O grupo é composto, em grande parte, pelos familiares do investigado, incluindo a esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos, todos com prisão decretada, agora, pela Justiça Federal de Porto Velho (RO).
Agentes Federais de Execução Penal apreenderam, na cela do interno, na Penitenciária de Porto Velho (RO), bilhetes redigidos de próprio punho, o que foi posteriormente confirmado por perícia grafotécnica, contendo anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.
Com a liderança exercida pelo interno e seu filho, os investigados se associaram para a perpetuação e controle do tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, em uma verdadeira “guerra” contra facções e organizações rivais.
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação, com o cumprimento de mandados de busca em imóveis de alto padrão, alugados pelos familiares do interno, na cidade de Porto Velho (RO), ocasião na qual ocorreu a apreensão de arma, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram o esquema de lavagem de capitais. Os criminosos passaram a residir nos imóveis citados com o intuito de facilitar as visitas à Penitenciária Federal.
Mesmo sem a apreensão de qualquer substância entorpecente ao longo da investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões, das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas, pela organização criminosa, para a movimentação dos valores ilícitos.
A Justiça Federal determinou, também, o sequestro específico de 17 veículos de luxo, com valores individuais de mercado superiores a R$ 100 mil cada, que, somados, alcançam um valor aproximado de R$ 2,3 milhões, além do sequestro de todos os veículos em nome/em uso pelos investigados.
Foram sequestrados, ainda, cerca de 50 imóveis que, segundo valores atuais de mercado, ultrapassam a quantia de R$ 50 milhões, além de dezenas de outros imóveis, registrados em nome de membros da organização criminosa, cujo valor patrimonial total será apurado após a deflagração.
Confira os mandados
- Ponta Porã: 4 preventivas e 2 temporárias;
- Campo Grande: 2 preventiva;
- Curitiba/São José dos Pinhais: 3 preventivas e 1 domiciliar;
- Balneário Camboriú: 4 preventivas;
- Brasília: 3 preventivas e 3 domiciliares;
- Ribeirão Preto: 3 temporárias;
- Rio de Janeiro – 1 domiciliar;
Pavo Real
O nome da operação faz referência à alcunha (codinome) pelo qual é chamado o investigado, sendo mundialmente conhecido pelo seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas e armas; tendo permanecido preso, no Paraguai, durante vários anos até ser expulso para o Brasil, em 2017, quando passou a cumprir sua pena em estabelecidos prisionais federais.