Apesar de assinatura da lei que garante reajuste de 18% aos salários dos servidores do GDF, professores da rede pública decidiram pela greve
Foto: Breno Esaki/Metrópoles
Escola públicas do Distrito Federal amanheceram de portas fechadas, na manhã desta quinta-feira (4/5), data de início da greve dos professores, ainda sem data para acabar.
A reportagem (do Metrópoles) percorreu algumas regiões administrativas e encontrou avisos sobre a assembleia da categoria, marcada para às 9h30 desta manhã.
Na Escola Classe (EC) 5 do Guará 1, apenas funcionários da limpeza chegaram para trabalhar. Os portões ficaram fechados. Um trabalhador da unidade de ensino disse, sem se identificar, que as famílias sabiam que não haveria aulas nesta quinta-feira (4/5).
No Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Guará, alguns alunos acessaram as salas de aula. A mãe de uma adolescente de 13 anos, estudante da escola, comentou que não levou a filha, mas decidiu ir ao colégio para acompanhar a adesão dos professores à greve.
“Vi que o sindicato estimou uma porcentagem de professores que não devem comparecer às escolas neste primeiro dia de greve. Acredito que hoje [quinta-feira] será um termômetro para sentir como serão os próximos dias, caso não entrem em um acordo com o GDF [Governo do Distrito Federal]”, completou a mãe, que não quis se identificar.
O Centro de Ensino Fundamental (CEF) 01 do Cruzeiro Velho, também começou o dia com os portões fechados. Durante o período em que a reportagem estava no local, nenhum pai ou responsável chegou com crianças para acessar a escola. Na portaria, o vigilante afirmou que a comunidade escolar estava ciente de que não teria aula. Os professores da unidade foram convocados para a assembleia.
Na Asa Sul, no Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), um grupo de alunos se reuniu na escola nesta manhã, mas também não tiveram aula.
Reajuste
Mesmo com a assinatura da lei que garante o reajuste de 18% no salários dos servidores do Governo do Distrito Federal (GDF), os professores da rede pública decidiram iniciar a greve.
O reajuste anunciado pelo Executivo local para os servidores públicos foi considerado insuficiente pela categoria. Os educadores cobram melhores salários e reestruturação da carreira de magistério público, com incorporação de gratificação.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) calcula que mais de 60% das escolas públicas não devem abrir as portas nesta quinta-feira (4/5). Além disso, afirma que a pauta não envolve apenas a parte financeira, mas a cobrança por melhores condições de trabalho em sala de aula, novas contratações de educadores e a adoção de medidas contra a violência.
No DF, segundo dados da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (Seplad), os professores da educação básica iniciam a carreira com piso de R$ 5.497,13, para carga horária de 40 horas semanais — o mínimo estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) é de R$ 4.420.
Com o reajuste de 18% sancionado na quarta-feira (3/5), o valor da remuneração inicial da carreira chegará a R$ 6.547,15, em junho de 2025, pois a recomposição será paga em três etapas — 6% a cada ano. Em junho de 2023, o salário da categoria, sem gratificações por especialização, chegará a R$ 5.826,95.
Mesmo com a garantia do aumento, após uma tentativa de negociações com o Executivo local, não houve consenso, e a greve se manteve. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), declarou que qualquer acordo com professores da rede pública só ocorrerá se a categoria suspender a greve.
“Estamos dando o dobro do que o governo federal dá de aumento. É um valor altíssimo e [tem] um impacto muito grande aos cofres públicos”, comentou, em agenda na manhã de quarta-feira (2/5). “Respeitamos a decisão dos professores, até porque sabemos da qualidade dos docentes do DF. Mas a decisão do governo é, realmente, de não discutir enquanto eles estiverem em greve e abrir uma porta de negociação assim que ela for suspensa.” (Com o Metrópoles)