“Vamos fazer todo o possível para os ônibus entrem em Mariupol e retirem os que permanecem na cidade”, disse a vice-primeira-ministra
O governo ucraniano enviou nesta quinta-feira 45 ônibus para retirar civis da cidade cercada de Mariupol, sudeste do país, depois que a Rússia anunciou uma trégua, informou a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk.
“Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a Rússia está disposta a abrir o acesso aos comboios humanitários de Mariupol até Zaporizhizha”, disse Vereshchuk em um vídeo divulgado pelo Telegram.
“Enviamos 45 ônibus para o corredor Mariupol”, acrescentou.
Dezessete ônibus já seguiram para Mariupol a partir de Zaporizhzhia, que fica a uma distância de 220 quilômetros, informou Vereshchuk. Os demais 28 aguardam permissão para passar por um posto de controle russo na cidade de Vasylivka, perto de Zaporizhzhia.
“Vamos fazer todo o possível para os ônibus entrem em Mariupol e retirem os que permanecem na cidade”, disse Verechtchuk.
Até o momento, os civis só conseguem sair de Mariupol com os próprios veículos, uma viagem de alto risco porque os acordos para a saída de moradores não foram respeitados.
Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, está cercada e sob intensos bombardeios das forças russas desde o fim de fevereiro.
As pessoas que conseguiram sair da cidade e as ONGs descreveram condições terríveis, com civis entrincheirados em porões sem água, alimentos ou comunicação, e com corpos espalhados pelas ruas que ninguém enterra por causa do bombardeio.
O ministério da Defesa russo anunciou um “regime de silêncio”, ou seja, um cessar-fogo local, a partir das 10H00 desta quinta-feira (4H00 de Brasília) em Mariupol para permitir a retirada de civis.
No campo diplomático, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, afirmou que o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, eo chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, podem se reunir dentro de “uma ou duas semanas”.
“Pode acontecer uma reunião de alto nível, ao menos entre os ministros, dentro de uma ou duas semanas”, declarou Cavusoglu,. Ele explicou que “é impossível antecipar uma fecha”, mas que a Turquia está disposta a receber a reunião “como mediador sincero”.
“O mais importante é que as partes se reúnam e concordem com um cessar-fogo duradouro (…) É impossível negociar sob a pressão das armas”, disse.
Ao comentar a tentativa de retirada de civis de Mariupol, uma operação na qual a Turquia estabeleceu uma associação com a França e a Grécia, o ministro disse que seu governo propôs a abertura de “dois corredores humanitários, para a Rússia e a Ucrânia”.
“Ninguém deve pressionar os civis a escolher um corredor ou outro. Todos devem poder ir para onde desejam”, disse.
Na área econômica, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) divulgou projeções de contração de 10% para a Rússia este ano, e de 20% para a Ucrânia, consequência da guerra e das sanções impostas contra Moscou.
Antes da guerra, o BERD calculava um crescimento de 3,5% do PIB para a Ucrânia e de 3% para a Rússia em 2022.
© Agence France-Presse