Maria José Rocha Lima
Freud explicaria que os criadores da camiseta com a primeira parte da frase acima, na Bahia, operam com o mecanismo de projeção: determinados comportamentos indesejados, desejos inconfessáveis de um grupo de pessoas são atribuídos a outras pessoas ou a alguém.
Em 2021, o ensino médio da Bahia ficou em último lugar em avaliação do MEC. Os baianos também não haviam conseguido a nota ideal nos anos de 2013, 2015 e 2017. Uma colocação abaixo da Bahia ficou o Amapá, por um décimo de diferença, pois o estado conseguiu 4.0 pontos. Também a Bahia tira nota 0 e fica no último lugar em índice de educação à distância, em avaliação da FGV.
Conversando com o jornalista baiano Roberto Macedo sobre educação na Bahia, recebi dele reportagens valiosas sobre a situação dramática da educação baiana. A Bahia aparece como quinto pior estado em índice que avalia a educação no país, apesar de melhora do Ideb brasileiro, nos anos de 2019 e 2021.
O estado da Bahia recebeu uma das piores notas do Brasil em cada uma das três provas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A melhor colocação dos baianos foi no ensino fundamental I, com provas realizadas pelos alunos do 5º ano (antiga 4ª série), que figurou como o quinto pior estado do país. Em relação ao fundamental II, os estudantes baianos obtiveram a segunda pior nota e, para o ensino médio, a terceira pior colocação. A meta estipulada para os alunos do 9º ano (antiga 8ª série) era de 4.5 pontos, mas a Bahia não a alcançou, atingindo 4.1, sendo o segundo pior no ranking, empatado com o Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A Bahia também tirou nota 0 (zero) e ficou em último lugar em índice de educação pública a distância. O estado tirou nota zero na pesquisa da FGV porque não apresentou nenhum programa no período. A média nacional foi de 2,38. O resultado rendeu críticas de políticos de oposição ao governador Rui Costa (PT). Líder do bloco oposicionista na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado estadual Sandro Régis (DEM) afirmou que “o governo praticamente abandonou os estudantes da rede estadual ao não oferecer nenhuma atividade online, o que trouxe e trará consequências incalculáveis para o desenvolvimento destes jovens e crianças”.
Mesmo com a proclamação da valorização do professor como fator decisivo para a garantia da qualidade da educação, passaram-se mais de dez anos desde o estabelecimento do piso salarial e o governo da Bahia vem adotando artifícios ardilosos no Plano de Carreira, para não cumprir integralmente a Lei 11.738/2008, instituída pelo presidente Lula, seu partidário.
Para o sociólogo e fundador da sociologia educacional brasileira, deputado Constituinte do Partido dos Trabalhadores, Florestan Fernandes, “ temos sobre o professor um enigma a ser decifrado, que consiste na tradição de objetificação e brutalização cultural dos professores, própria da cultura brasileira. O sociólogo afirma, aqui e ali, que membros leigos e letrados das camadas sociais dominantes se mostram pessimistas quanto à eficácia das escolas e do trabalho docente e discente. Florestan denuncia uma profunda desconfiança da elite em relação ao intelectual. Para ele, o ceticismo ou dogmatismo em relação ao papel da escola nada ajuda nas dinâmicas de transformações sociais.
Parem de temer a educação!
MARIA JOSÉ ROCHA LIMA é mestre e doutora em educação e psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e dirigente da ABEPP. Coordenadora do Programa Sonhe Realize do Soroptimist International – SI Brasília Sudoeste.