Representantes da gigante chinesa Sinopharm, responsável pela globalização de uma das vacinas contra a Covid-19, ofereceram ao secretário de Saúde Osnei Okumoto, nesta quarta-feira (7/10), que o Distrito Federal ingresse na terceira fase de testes do produto no Brasil. Até então, Paraná, Mato Grosso e o Tocantins mantêm conversas adiantadas sobre uma possível importação do medicamento no futuro.
A proposta é que a gigante chinesa inclua 60 brasilienses na testagem – a última etapa antes da validação do produto. Caso os resultados sejam os já alcançados em outros países e acabem reconhecidos pelas autoridades sanitárias brasileiras, o Distrito Federal terá prioridade na aquisição da vacina, se houver interesse. No Brasil, a imunização de outro grupo chinês, a Sinovac, já vem sendo testada.
No fim do mês de agosto, Okumoto já havia antecipado, durante audiência na Câmara Legislativa (CLDF), a intenção de assinar um termo de cooperação com o grupo farmacêutico da China para aquisição de vacinas contra a Covid-19. O encontro recente é mais um desdobramento da investida.
De acordo com Diego Pereira, representante da Sinopharm no Brasil, a depender das autorizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), a vacina poderá estar disponível a partir de dezembro para os brasilienses. Contudo, a decisão de como usar o produto chinês contra o Sars-Cov-2 será do Governo do Distrito Federal (GDF).
“Existe todo um processo administrativo, como a autorização da Anvisa. O governo faz uma carta de intenção para conhecer o produto, os cientistas verificam a real qualidade, eficiência e segurança e, quando essas etapas forem vencidas, já traremos o material”, disse Pereira. A previsão é que vacina comece a ser comercializada para o público geral em janeiro de 2021.
Eficácia
Sobre a confiança do produto, o empresário lembrou que a vacina foi a primeira a ter os estudos realizados, ainda em dezembro do ano passado, quando a China já era o epicentro da infecção do novo coronavírus no mundo, portanto, muito antes de pesquisas de outras marcas.
“Já temos a confirmação na China sobre a eficiência dela, mas o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece o prazo de um ano de testagem até que consiga entrar nas publicações oficiais”, emendou o brasileiro, que estava acompanhado do representante da fábrica da vacina para a América Latina e Oriente Médio, Toufic Khalil Dia.
Em agosto, em plena corrida pela aprovação de uma vacina contra a Covid-19, a farmacêutica Sinopharm anunciou que o método de imunização desenvolvido por seus cientistas foi capaz de provocar uma boa resposta imune contra o novo coronavírus. De acordo com os cientistas, a taxa de reações adversas foi baixa nos indivíduos testados.
Pelos efeitos encontrados, o laboratório conseguiu autorização emergencial do governo chinês para a imunização da população em julho. Foram vacinados profissionais de saúde e de algumas áreas, como alfândegas. A empresa chinesa calcula já ter vacinado “centenas de milhares” no mundo todo.
O laboratório trabalha com a possibilidade de fabricar cerca de 100 milhões de doses até o dia 31 de dezembro. Caso seja autorizada a imunização, a capacidade de produção pode chegar a 300 milhões de doses por mês. A empresa mantém guardado a sete chaves o valor estimado para cada dose da vacina no caso de uma possível compra pelas autoridades brasileiras.
A China é responsável pela descoberta de quatro das oito vacinas do mundo que estão na terceira e última fase de testes. Nessa etapa final, o produto fabricado pela Sinopharm já foi injetado em dezenas de milhares de pessoas, incluindo nos funcionários da farmacêutica e em suas famílias, como parte do esquema de vacinação de emergência chinês.