Maria José Rocha Lima[1]
Sigmund Freud, pai da Psicanálise, afirma que é marcante a predominância da psicologia de grupo sobre o indivíduo a que ele pertence. Influenciados por um ideal muitas vezes contraditório ou irracional, pessoas que isoladamente seriam incapazes de cometer atos insanos são capazes de exterminar vidas, além de sacrificar as suas próprias vidas.
O impacto da mente coletiva sobre o indivíduo é tão grande e determinante que o mesmo perde a sua individualidade e passa a ser controlado irrefletidamente por um grupo que exerce um poder imensurável sobre ele, substituindo sua liberdade por uma imposição que o submete a situações extremas.
A intensidade dos vínculos emocionais é tão impressionante que observamos com preocupação ao longo da história e na atualidade verdadeiras tragédias humanas, fruto dessa predominância psicológica de grupo, sobre indivíduos e até sobre nações, como ocorreu com os grupos nazistas, com alguns grupos terroristas, grupos como skinihead, gangues juvenis, quadrilhas, crime organizado, fanáticos religiosos, funkeiros, pagodeiros, bebedores compulsivos adultos e adolescentes que consomem bebidas alcoólicas de 14 a 17 anos, momento de transição de um estado de dependência dos pais para uma condição de autonomia pessoal, neste caso com consequências gravíssimas e diversas como problema nos estudos, problemas sociais, negligência na prática sexual, maiores riscos de suicídio ou homicídio e acidentes.
Seus cérebros, ainda em formação, são mais susceptíveis a agentes externos, como o álcool e demais substâncias psicotrópicas, e a diferentes fatores psicossociais. É quando a inserção nos grupos se torna fundamental e o beber pode aparecer, por exemplo, como um meio de integração (PinskyeBessa,2004). Não só jovens, também “adultos que não bebem viram peixes fora d’água”, nas recepções e encontros sociais.
Grupos de pessoas, cada vez maiores que, para se sentirem acolhidos, devem possuir muitos bens, ser bonitas fisicamente, experimentar todos os prazeres, especialmente os sexuais, enfim, extrapolar todos os limites. As consequências são a perda, quase sempre, do equilíbrio emocional, excedendo todos os seus limites nas ações para ingressarem ou não se desgarrarem dos grupos sociais, às vezes considerados glamourosos a que querem pertencer.
[1] Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira. Soroptmist International – SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança.