Ministro das Relações Exteriores francês afirmou que país vizinho priorizou a aplicação de uma dose na população e agora corre o risco de não ter vacinas suficientes para a segunda aplicação.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, acusou nesta sexta-feira (26) o Reino Unido de “chantagem” na entrega da vacina de Oxford/AstraZeneca por não ter reservas da segunda dose para os britânicos que já receberam a primeira.
“Não se pode brincar com uma chantagem assim apenas porque eles se apressaram em vacinar o maior número possível de pessoas com a primeira dose e agora estão um pouco em desvantagem porque não têm a segunda”, afirmou Jean-Yves Le Drian à rádio France Info.
A declaração ocorre em meio à vacinação lenta na União Europeia e à pressão do bloco europeu contra a farmacêutica AstraZeneca, pelo atraso na entrega de doses de vacina contra a Covid-19 contratadas, enquanto o Reino Unido tem uma das imunizações mais avançadas do mundo.
Após estudos, os britânicos decidiram priorizar a vacinação de mais britânicos com apenas uma dose do que imunizar a metade disso com duas doses. Isso porque pesquisas apontaram que a vacina de Oxford tem maior eficácia com intervalo de 3 meses entre a primeira e a segunda dose.
“O Reino Unido se gabou de ter vacinado bastante com a primeira dose, mas tem um problema com a segunda. Você está vacinado quando recebe as duas doses. Hoje, há o mesmo número de pessoas vacinadas com as duas doses na França e no Reino Unido”, disse o chanceler francês.
- O Reino Unido já aplicou uma dose em 29 milhões de britânicos (42,7% da população), mas apenas 2,78 milhões receberam as duas doses (4,1%);
- A União Europeia aplicou um dose em 44,53 milhões de habitantes (10% da população) e as duas em 19,34 milhões (4,1%);
- A França aplicou uma dose em 6,87 milhões (10,1%) e duas em 2,55 milhões (3,7%).
Em meio aos atrasos na entrega de doses pela AstraZeneca, a União Europeia tem ameaçado barrar as exportações da vacina de Oxford.
Le Drian defendeu uma relação de cooperação com o Reino Unido para que a AstraZeneca cumpra os acordos que assinou com a União Europeia e que cada lado fique satisfeito.
“Espero que encontremos um acordo. Seria inverossímil ter uma guerra de vacinas entre Reino Unido e Europa”, afirmou o chanceler francês.
Por France Presse, G1