Na Praça dos Três Poderes há falta de rampas e piso irregular; na Torre de TV, escadas rolantes e elevadores estão desligados. Cadeirantes alegam descaso do governo.
Dois dos principais pontos turísticos de Brasília, a Torre de TV e a Praça dos Três Poderes, não têm condições de acessibilidade para pessoas com deficiência, como rampas, escadas rolantes e elevadores em funcionamento. A reportagem da TV Globo conversou com turistas cadeirantes que visitavam os locais neste domingo (3).
Na Praça dos Três Poderes, pedras do chão estão soltas e se amontoam em cima das valetas de escoamento de água da chuva que cortam toda a praça. A turista Deyse disse que a locomoção na área é quase impossível para quem é cadeirante, como ela.
“A cadeira acaba trombando nas pedras ou caindo no buraco. Tentamos ir pro Palácio do Planalto, mas não conseguimos descer, porque não tem rampa, não conseguimos atravessar.”
No Panteão, onde fica a chama intermitente, no centro da praça, também não há rampas. “Não conseguimos descer pra poder visitar”, disse Deyse. Do lado direito para quem está de costas para o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal até conta com uma rampa, mas ela é inadequada, segundo a turista. “É muito íngrime e foi um pouco difícil de descer.”
O advogado Olavo Passos, que veio do Rio Grande do Sul para visitar a capital, reclamou da grama alta e da aparente “falta de cuidado” do governo com a cidade. “Parece assim que está faltando manutenção. Uma arquitetura tao diferenciada, é uma pena mesmo pro prórpio turista, pro próprio povo brasileiro quando vem visitar a capital.”
“São coisas muito, muito simples de serem resolvidas pra que nós, cadeirantes, possamos usufruir desses lugares belíssimos.”
Tem, mas não funciona
Na Torre TV, onde há quatro escadas rolantes e dois elevadores, o problema é que as estruturas estão paradas, desligadas. Um cavalete da Polícia Militar estava posicionado em frente aos elevadores neste domingo (3) para indicar que não funcionavam.
“Você nunca chega aqui e está funcionando. Nem aqui, nem na Rodoviária . Isso é normal, o brasiliense ja ta acostumado com isso”, disse o churrasqueiro Rafael Jackson. Para o cadeirante Emilson de Oliveira, que desenvolve projetos para pessoas com deficiência, a falta de acessibilidade o impede de frequentar alguns espaços.
“Eu ia lá embaixo [da Torre de TV], onde fica a feira, mas eu não vou porque os elevadores não estão funcionando. Voi ficar só na Torre mesmo”, disse à TV Globo. “A calçada que tem, a maioria está quebrada e quando não tem acessibilidade, não tem rampa, aí tem que ir pelo asfalto, dividir com os carros.”